Quando faziam uma ronda pela devastada cidade de Aleppo, um dos cenários mais sangrentos da guerra da Síria, os funcionários de uma organização humanitária ficaram perplexos com o que encontraram: em uma casa semidestruída pelas bombas, seis crianças viviam sozinhas em condições precárias e já sobreviviam havia dois longos meses mesmo sem nenhum adulto para cuidar delas.
Eles são irmãos: cinco meninos e uma menina, o mais novo um bebê de 9 meses e o mais velho, um menino de 12 anos. O pai, um ativista da organização rebelde Free Syrian Army, saiu para lutar e não voltou mais. Um tempo depois, a mãe foi presa, as crianças ficaram sozinhas e tiveram que se virar.
A situação em que eles viviam assustou os funcionários da Caritas, a ONG que os resgatou. “As condições eram péssimas. Eles estavam morando em uma casa parcialmente destruída. Não havia aquecimento nem água, tinham apenas cobertores. A casa era insegura por causa da destruição, estava cheia de lixo e muito suja”, descreveu ao G1 Patrick Nicholson, um dos dois participantes do resgate.
As crianças explicaram que, nas oito semanas em que viveram sozinhas, conseguiam comida vendendo pedaços de metal que encontravam nos escombros da cidade. Comiam só pão, uma vez ao dia. A garota, Hanadi, de 10 anos, disse que sentiam muito frio e medo durante a noite, pois tinham que enfrentar adultos que tentavam entrar na casa para roubar a pouca comida que tinham.
O mais velho, Mohammed, de 12 anos, levava com ele um frasco de perfume que, segundo os vizinhos, bebia em busca de álcool para se acalmar.
“Foi horrível e assustador. A visão era de crianças vivendo na imundície, em total perigo, abandonadas pelo mundo. É difícil acreditar que o bebê de nove meses tenha sobrevivido”, afirmou Nicholson.
Depois de resgatadas, as crianças foram levadas para um orfanato em uma cidade não informada dentro do próprio país. Nicholson diz que eles estão bem e que a mãe foi localizada e afirmou que irá buscá-los assim que for libertada.
“Eles ganharam roupas novas, estão sendo alimentados e vivem em um lugar limpo e seguro”, contou. “O futuro deles é incerto em um país destruído pela guerra e pela pobreza, mas por agora eles estão salvos.”