Como elas criaram uma escola de inglês que foi de Alagoas aos EUA

As irmãs Fátima e Vanessa Tenório começaram cedo no ramo da educação de idiomas. Hoje, a System Idiomas já abriu uma filial nos Estados Unidos

System Idiomas/Divulgaçãovanessa-fatima-system-idiomas

Será que é preciso estar em uma grande metrópole para criar um negócio de sucesso, internacional? Muitos diriam que sim. Mas as irmãs Fátima e Vanessa Tenório são uma prova de que isso não é uma regra.

As duas empreendedoras criaram uma escola de inglês no estado de Alagoas em 1985. “Era um tempo em que ainda não era tão frequente o hábito de estudar inglês desde cedo, e sim mais para profissionalização na fase adulta. Começamos em Maceió, longe dos grandes centros do país, então esse mercado parecia menor ainda”, conta Fátima. “O que nos fez crescer foi mostrar como tínhamos um produto de ponta e, assim, ganhar cada vez mais novos alunos.”

De lá para cá, a System Idiomas desenvolveu uma metodologia própria para o ensino de inglês que já é usada em outras 48 escolas, além de suas três unidades próprias. Este ano, inaugurou uma filial nos Estados Unidos – e pretende ensinar não apenas brasileiros.

Primeiros passos

As irmãs alagoanas Fátima e Vanessa Tenório começaram a estudar inglês desde muito novas por incentivo da mãe, que queria que elas se tornassem diplomatas.

“Comecei a estudar inglês quando era muito pequena – com uns seis, sete anos. Aos 13 anos de idade, consegui um certificado e passei a dar aulas em uma escola menor. Minha irmã fez igual e aos 15 anos também passou a ensinar inglês”, conta Vanessa.

Porém, a escolha prematura de uma carreira fez as irmãs mudarem de plano. Enquanto Vanessa foi cursar Engenharia Agronômica em Piracicaba, no interior de São Paulo, Fátima fez faculdade de Geologia em Brasília.

“Eu tinha várias ideias do que queria para minha vida, e era muito jovem quando decidi. Então, percebi como a engenharia realmente não era minha área: peguei o diploma, mas não sentia vontade de aprofundar essa carreira. Sempre continuei a dar aulas de inglês, em paralelo”, conta Vanessa.

A oportunidade de fazer o que queria surgiu de repente: o pai das irmãs, que trabalhava na Embrapa, foi transferido para a filial alagoana da empresa. Sugeriu, então, que a família voltasse a morar perto e que elas abrissem uma escola de inglês.

“Nessa hora, percebi como ensinar inglês me realizava. Então, fiquei animada e todos nos mudamos para Maceió”, diz Vanessa.

Assim nasceu a System Idiomas, em 1985: uma escola de idiomas para crianças e adolescentes que tinha apenas as duas irmãs como professoras.

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Busca de uma nova metodologia e expansão

Em alguns anos de boca a boca, a System Idiomas se popularizou por Alagoas – inclusive, abiu novas unidades e hoje já possui três delas em Maceió.

“Fomos atrás de consultores de planejamento estratégico, como o Sebrae. Isso nos ajudou a fazer a escola de inglês virar um negócio, mas mantendo os valores que tínhamos. Por exemplo, adotamos o monitoramento da satisfação dos clientes com o nosso serviço”, diz Fátima.

Mesmo assim, as empreendedoras começaram a pensar em como desenvolver uma nova metodologia de ensino, por volta do ano de 1998. “Queríamos que elas estudassem a língua não apenas pela língua, mas como um meio para aprender outros conceitos. É uma instrução baseada em conteúdos, inclusive escolares”, explica Vanessa.

As irmãs começaram a montar um projeto com referências de aprendizagem pelo conteúdo, o que incluiu visitas a escolas americanas e britânicas e mestrados pela University of Bath (Inglaterra). Em 2002, Fátima e Vanessa lançaram um piloto de ensinar inglês por meio de tópicos como ciência e matemática.

“Conseguimos complementar nosso estudo acadêmico com a prática laboratorial, feita nas nossas duas escolas. O resultado foi tão surpreendente que, no fim do ano, chamamos os pais e falamos que não íamos mais ensinar crianças pelo modelo tradicional: ninguém aqui vai iria aprender o verbo ‘to be’ em tabelas, e sim usá-lo”, conta Vanessa.

O próximo passo foi desenvolver uma forma de comercializar a metodologia em colégios e escolas de idiomas que focassem em educação bilíngue para suas crianças e adolescentes, mas não tivessem o conhecimento para tal.

Assim surgiu o programa de educação bilíngua Systemic: as empreendedoras fornecem o material pedagógico e o treinamento dos professores na metodologia. Depois, fazem um acompanhamento contínuo para verificar a boa aplicação do sistema de ensino.

Hoje, além das três unidades da System Idiomas, outras 48 escolas usam a metodologia de Fátima e Vanessa. Ao todo, são 11 mil alunos e cada um deles custa cerca de 85 reais por mês para a escola que compra o método.

Expansão para os Estados Unidos e planos

A System Idiomas tem, há anos, um programa que leva seus alunos no período de férias escolares para um programa de intercâmbio na Flórida. Além de aproveitarem os parques de diversões, os estudantes vivenciam o inglês na prática.

Este ano, a System também irá incluir aulas nesse intercâmbio: o empreendimento acabou de inaugurar uma filial no estado americano, chamada de Global Faces. “Lá, queremos dar um conteúdo relevante para a vida deles, contratando professores nativos e treinados no nosso método. Há módulos sobre como desenvolver um negócio, como falar em público, finanças pessoais, scrapbooking e yoga, por exemplo”, diz Vanessa.

Já houve um primeiro curso nesse formato em janeiro, com 167 adolescentes. “Nos próximos anos, nosso objetivo é estender essas aulas aos adultos, dentro da nossa proposta pedagógica de ensinar pelo conteúdo. Inicialmente, o programa é focado nos brasileiros, mas depois iremos estender para outras nacionalidades.”

Para 2017, a System Idiomas tem como objetivo ganhar de sete a oito mil novos alunos usando sua metodologia – especialmente por meio da comercialização para outros colégios e escolas de idioma.

O negócio também irá usar os cerca de três milhões de reais que financiou no final de 2016 pelo governo do estado de Alagoas, como parte de um programa para incentivar projetos de inovação e tecnologia. “Faremos uma plataforma para monitorar os professores e para oferecer novos conteúdos aos alunos, especialmente os que envolvem gamificação”, explica Fátima.

Fonte: Exame

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