Donald Trump prometeu durante toda a campanha mão de obra e produção legitimamente americanos, mas os produtos de sua filha Ivanka são uma exceção.
Desde a eleição de Trump, ao menos 1.600 carteiras de couro, duas toneladas de blusas 100% poliéster e 23 toneladas de sapatos da marca de Ivanka Trump, com a etiqueta “made in China” cruzaram o Pacífico. E isso, apesar de Donald Trump ter atacado fortemente as multinacionais que transferem sua produção para fora dos Estados Unidos, acusando a China de “roubar” empregos americanos fabricando mais barato.
Ivanka Trump não encomenda diretamente seus produtos na China: esta decisão é proveniente das empresas de confecção como G-III, bolsas Mondani ou calçados Mark Fisher, a quem a filha do presidente confiou sua marca. A G-III vendeu, em 2015, US$ 29,4 milhões em produtos com a marca Ivanka, segundo o relatório anual do grupo, que não especifica os países nos quais estas mercadorias foram fabricadas.
Loja negou vender produtos de Ivanka Trump
Os negócios da filha do presidente são alvo de polêmica desde que o distribuidor Nordstrom decidiu, no início de fevereiro, retirar a linha Ivanka Trump de suas prateleiras. A rede de lojas negou que a decisão obedecesse a motivos políticos e limitou-se a explicar que a marca já não gerava lucros, especialmente desde o fim do ano passado. A postura da Nordstrom foi fortemente criticada pelo presidente americano.
No entanto, a de Ivanka não é a única linha da marca Trump de fabricação chinesa. Nos últimos 10 anos, mais de 1.200 carregamentos de produtos com o sobrenome Trump chegaram aos Estados Unidos a partir da China continental ou de Hong Kong, segundo dados das alfândegas americanas consultadas pelo escritório anti-Trump “Our Principles PAC”.
Repatriando empregos
No fim de fevereiro, Ivanka participou na Casa Branca de uma reunião na presença de uma dezena de representantes da indústria americana, na qual seu pai prometeu “fazer tudo para repatriar empregos”. Um porta-voz da marca Ivanka afirmou à AFP que a empresa “compartilhava o interesse dos chefes do setor para aumentar a presença da indústria nos Estados Unidos” e que “estava ansiosa para participar desta conversa”. Pormé, ao menos uma empresa do sul da China já recebeu um pedido de 10 mil sapatos para a próxima temporada, segundo o jornal chinês Global Times.