Há mais estudantes brasileiros que se dizem felizes do que na média dos países desenvolvidos, revela um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta quarta-feira.
A pesquisa diz ainda que os adolescentes no Brasil também estão entre os que mais usam a internet fora da escola.
Os dados estão no relatório “O Bem-Estar dos Estudantes”, o terceiro volume do último estudo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) de 2015, que entrevistou 540 mil jovens de 15 anos de redes públicas e privadas de ensino em 72 países.
A pesquisa pediu que os alunos avaliassem, em uma escala de 0 (“a pior vida possível”) a 10 (“a melhor vida possível”), o grau de satisfação com suas vidas.
A média do Brasil foi de 7,59, pouco acima dos 7,31 obtidos na média dos países da OCDE. Mas pouco menos que a metade (44,6%) dos jovens brasileiros de 15 anos se disseram “muito satisfeitos” com suas vidas (deram notas 9 e 10).
Esse total é bem acima da média dos alunos da OCDE, que é de pouco mais de um terço (34,1%). Mas a proporção de “muito satisfeitos” foi mais alto em países como Islândia, (46,7%), Colômbia (50,9%), México (58,5%) e República Dominicana (67,8%).
Em economias asiáticas, no entanto, como a da Coreia do Sul e Hong Kong, o total de “muito satisfeitos com a vida” não chega a 20%.
Já o número dos que se dizem “infelizes” (com notas de 0 a 4) no Brasil é de 11,8%, que é exatamente a média dos países da OCDE.
“O bem-estar dos alunos se refere ao estado psicológico, cognitivo, social e físico e as capacidades que o estudante precisa para viver uma vida feliz e com realizações”, diz a OCDE.
“O bem-estar é acima de tudo definido pela qualidade de vida”, ressalta o relatório, acrescentando que apenas no Brasil e na Colômbia os estudantes desfavorecidos relatam maior satisfação com a vida do que os mais favorecidos.
Outro indicador medido, a ansiedade, revela que a grande maioria dos alunos no Brasil (quase 81%) se sente “muito ansioso” mesmo quando bem preparado para as provas. É o segundo índice mais elevado entre os países analisados.
O relatório também revela que os estudantes de 15 anos no Brasil passam mais de três horas (190 minutos) por dia na internet nos dias de semana, no período fora da escola.
É o segundo maior tempo gasto entre os países do estudo, ficando abaixo apenas do Chile (195 minutos). Mas cerca de 20 países não forneceram esses dados. A média na OCDE é de quase duas horas e meia.
Nos finais de semana, os estudantes no Brasil utilizam ainda mais a internet: 209 minutos. Mas estudantes de vários outros países, como Holanda, Suécia ou Reino Unidos, passam mais tempo online do que os brasileiros.
A OCDE vê essa atividade como uma forma de estender o aprendizado. “As ferramentas da internet, incluindo redes online, mídias sociais e tecnologias interativas, estão criando estilos de aprendizado, onde jovens se veem como agentes de seu próprio conhecimento e podem aprender mais sobre o mundo”, afirma o estudo.
Bullying
O relatório também analisa a questão do bullying nas escolas. No Brasil, 17,5% dos estudantes afirmam sofrer algum tipo de bullying (tirar sarro, sumiço ou destruição de pertences, sofrer rumores e ameaças, por exemplo) algumas vezes por mês. Na OCDE, a média é de 18,7%.
Mas apenas 3,2% dos alunos brasileiros dizem sofrer violência física (socos ou empurrões), segundo o estudo. A média na OCDE nesses casos de bullying é de 4,3%. Em Hong-Kong, é quase o triplo, 9,5%.
O relatório “O Bem-Estar dos Alunos” afirma que alunos com desempenho baixo na escola estão mais sujeitos a se tornar vítimas de bullying.
“De acordo com os resultados do PISA, a proporção de vítimas de bullyingé maior em escolas com alto percentual de estudantes que repetiram de ano, onde há pouca disciplina na sala de aula e onde alunos relatam ser tratados de forma injusta pelo professor”, diz o estudo.