O papa Francisco denunciou neste sábado a situação dos refugiados na Europa. Durante um discurso em Roma, o sumo pontífice criticou os “campos de concentração” para os migrantes.
A declaração foi feita durante uma cerimônia na basílica de São Bartolomeu. O papa disse que muitos acampamentos de refugiados “são campos de concentração superlotados por causa de acordos internacionais que parecem ser mais importantes que os direitos humanos”.
Em uma reação que não estava prevista em seu discurso original, o sumo pontífice contou com emoção a história de um refugiado que encontrou em um acampamento de migrantes na Grécia. “Ele olhou para mim e disse: eu sou muçulmano e minha mulher era cristã. Nós fomos aterrorizados em nosso país. Eles viram um crucifixo e nos pediram para jogar fora. Como ela recusou, foi degolada na minha frente”, rememorou Francisco. “Eu não sei se ele conseguiu sair desse campo de concentração e ir para outro lugar”, concluiu o papa.
Francisco não revelou a nacionalidade do refugiado, mas a maioria dos migrantes de Lesbos, onde ocorreu o relato, havia fugido do conflito sírio. Na época, o papa levou para Roma três famílias de migrantes.
Neste sábado, o papa se reuniu com outros refugiados que haviam chegado à Europa legalmente com a ajuda da Comunidade de Santo Egídio. O sumo pontífice lembrou ser necessário que a generosidade para com os imigrantes demonstrada pela população de Lesbos e das ilhas italianas da Sicília e Lampedusa se propague pela Europa.
Homenagem a padre francês degolado
A cerimônia, que fazia parte de uma celebração dos “novos mártires”, também foi marcada pela homenagem ao padre francês Jacques Hamel, morto degolado por dois jihadistas em julho passado em Saint-Etienne-du-Rouvray, no oeste da França. O atentado, o primeiro em uma igreja na Europa, sacudiu o país, já traumatizado por uma série de ataques sangrentos.