Nesta sexta-feira (28), o povo pilarense terá a oportunidade de assistir, em sessão única, a 17ª encenação do espetáculo teatral “Última pena de morte no Brasil”, dirigido pelo diretor Alberto do Carmo. Neste ano se completa 141 anos da extinção da pena de morte no Brasil. A peça será apresentada nas ruas da cidade, passando por lugares onde o fato aconteceu. A iniciativa da peça é da Secretaria de Educação do município junto com a Casa de Cultura.
Voltando ao roteiro original, a encenação conta a trajetória de um escravo chamado Francisco, condenado a morte por enforcamento, em 28 de abril de 1876, pelo assassinato do capitão João Evangelista de Lima e sua esposa, Josepha Marta de Lima, proprietários do Hotel Central, em Pilar. Os escravos Vicente e Prudêncio também participaram da sua execução.
Pelas ruas, cerca de 70 atores refazem os passos sobre a história em pontos estratégicos que estão espalhados pela cidade, até chegar ao Sítio Bonga, local onde aconteceu o enforcamento.
O caso teve repercussão nos jornais da época que por dois anos, relatavam os últimos acontecimentos sobre o pedido de revisão da pena imposta ao escravo solicitada ao imperador Dom Pedro II. Com o pedido negado, o escravo foi condenado à forca. Sua morte foi a última registrada pelos livros como execução por pena de morte no país.
O espetáculo representa um grande momento na história de Pilar e por este motivo, todos os anos os moradores da cidade e turistas podem aprender mais sobre a história, além de entender o que aconteceu no passado.
A reconstituição do fragmento começa às 8h com uma missa em ação de graças na Igreja Nossa Senhora do Rosário e às 10h, um grupo de pessoas – atores e produtores – percorrem as ruas da cidade encenando a história do último brasileiro que foi condenado a forca.
Pelo quarto ano consecutivo, o ator Igor Vasconcelos, 29 anos, faz o papel principal do escravo Francisco e afirma que atuar na peça é fazer parte da história de Pilar, consequentemente do Brasil. “Embora eu faça um assassino que matou os seus senhores, Francisco lutou por uma liberdade que ele acreditava que um dia podia ter. Carrego em mim essa responsabilidade de representar esse personagem a cada ano e me doar um pouco mais”.
O ator também ressaltou que é uma honra mostrar ao povo de Pilar a verdadeira história principalmente aos jovens. “Assim, eles conhecem o que aconteceu na própria cidade e vamos continuar lutando para manter viva na mente das pessoas a história”.
Lei Municipal
Em 30 de junho 2008, a Câmara Municipal aprovou e foi sancionada uma lei que fica instituída, em âmbito municipal o Dia da Encenação da Última Pena de Morte do Brasil a ser comemorado, anualmente, no dia 28 de abril e torna facultativo ponto dos servidores públicos municipais.