Um grupo de 80 índios da etnia Kayapó bloqueia nesta quinta-feira (4) a MT-320 em Colíder, a 648 km de Cuiabá. De acordo com as lideranças dos indígenas, o ato ocorre em protesto depois da morte de dois índios no Hospital Regional de Colíder. Os indígenas dizem que o atendimento de saúde no hospital é precário e cobram medidas do governo estadual. Grávidas e mulheres que estão prestes a dar a luz precisam procurar hospitais em outras cidades.
A Polícia Militar informou ao G1 que acompanha a situação e faz rondas pela rodovia. Os policiais e os moradores dizem que os funcionários do Hospital Regional de Colíder estão em greve por falta de pagamento de salários.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) de Mato Grosso explicou que foi programado para repassar ao hospital o valor de R$ 1,8 milhão, dos quais R$ 612 mil já foram liberados na sexta-feira (28). Além deste pagamento a SES disse que vai repassar mais R$ 1 milhão assim que concluir a apuração dos processos referentes ao mês de fevereiro que chegaram na quarta-feira à SES.
Sobre o pagamento das empresas – responsáveis pelo pagamento de salários de médicos contratados -, a SES informou que já foi pago o valor de fevereiro e está sendo programado o pagamento das folhas de março e abril, assim como as folhas pendentes de outubro a dezembro do ano passado.
Os indígenas permitem apenas a passagem de ambulâncias. Um dos líderes, Megaron Txucarramãe, explicou que o protesto começou ainda na quarta-feira (3) e foi retomado nesta quinta-feira. Os índios afirmam que só devem se retirar do local após um posicionamento das autoridades.
“O atendimento começou a ficar ruim e a faltar médico, falta equipamentos e o [serviço no] hospital está muito ruim. Morreu uma mulher grávida que estava doente e também morreu uma criança”, afirmou ao G1. A criança e a grávida eram indígenas.
Segundo o líder, a morte da criança ocorreu nesta quarta-feira. A criança teria passado mal e morreu logo após ser levada para a unidade hospitalar. Os kayapós moram em aldeias na região de Peixoto de Azevedo, Matupá e Guarantã do Norte, municípios localizados ao norte de Mato Grosso.
“Queremos que melhorem o hospital, melhorem o serviço médico. A direção [do hospital] nos disse que eles estão trabalhando com 30% [do efetivo], pois estão sem pagamento [de salários]. Não estão fazendo atendimento para grávidas, partos e para crianças”, declarou Megaron.
Os indígenas colocaram pneus, pedaços de madeira e cartazes para o protesto e bloqueio da rodovia.