Rosângela da Silva está pagando R$ 2 Reais para cada balde de água que manda buscar na Grota do Pau D’Arco. Ela não está pagando o valor pela água, mas pelo trabalho de alguns jovens da comunidade. Assim como ela, dezenas de famílias estão descendo a grota todos os dias para buscar água, porque nas ruas onde moram, no bairro do Feitosa, não chega uma gota nas torneiras há pelo menos 20 dias.
Rosângela, que é pastora e tem um comércio na Rua Pau D’Arco, no mesmo bairro, disse que paga mensalmente cerca de R$ 200 Reais pelo consumo de água. No entanto, esse bem tão precioso não tem chegado às residências da comunidade. Ela faz parte do grupo que bloqueou, na tarde desta segunda-feira, 8, a Avenida Governador Lamenha Filho, em protesto contra a falta de água que atinge praticamente todo o bairro do Feitosa.
Inicialmente os manifestantes bloquearam três trechos da avenida, por volta das 15 horas. Após a chegada do Batalhão de Trânsito (BPTran) e Radiopatrulha, os manifestantes concordaram em manter o bloqueio em apenas um trecho: em frente as caixas d’água da Casal. Os manifestantes bloqueados os dois sentidos da via e atearam fogo a pneus para chamar a atenção da Companhia e da imprensa.
Em entrevista ao Alagoas24horas, o tenente R. Lima disse que aguarda a chegada do Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar para estabelecer um canal de negociação entre manifestantes e a Casal, a fim de resolver o problema. Até a comunidade confirma que manterá o protesto, já que nesses 20 dias sem água as tentativas de negociação com a Casal foram em vão.
Para a pastora Rosângela, o protesto é o último recurso. Atualmente, ela e outros moradores, além de depender dessa água que vão buscar na grota, precisam comprar água mineral para produzir os alimentos.
Nota da Casal
“A Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) está locando um poço particular, em caráter emergencial, para reforçar o abastecimento do Feitosa, que ficou comprometido quando um dos sete poços que abastecem o bairro – o de maior vazão, que produzia cerca de 75m³/h – rompeu, entrou em colapso e deixou de operar. Logo que isto ocorreu, na semana passada, a Casal providenciou a reativação de um poço localizado nas proximidades e implantou uma rede para interligá-lo ao sistema; no entanto, a produção de água (40m³/h) não foi suficiente para equilibrar o abastecimento.
Diante dessa situação, a Companhia decidiu locar um poço particular, com vazão também da ordem de 40m³/h, e implantar uma rede para fazer a interligação com o sistema da Casal, trabalho que deverá ser concluído até a próxima sexta-feira, conforme previsão do setor operacional da empresa.
Com esses dois novos poços, que vão produzir, juntos, 80m³/h, a Companhia espera normalizar o fornecimento de água do bairro do Feitosa. Mas, com o objetivo de dar mais segurança ao abastecimento e tranquilidade à população, a empresa está procurando uma área para perfurar novo poço. Dessa forma, o bairro passará a ser abastecido por nove poços”, diz a nota na íntegra.