A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Maceió, realizada pelo Instituto Fecomércio de Estudos, Pesquisa e Desenvolvimento do Estado de Alagoas em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC),aponta que, em abril, houve desaceleração de 3,88% no consumo. Apesar da redução, o indicador ainda supera em 3,36% o registrado no mesmo período de 2016.
Considerando o desempenho do indicador nestes primeiros meses do ano, percebe-se que há um crescimento no consumo em 2017, pois os números são superiores aos do mesmo período de 2016.
Na avaliação do Instituto Fecomércio, a queda de abril teve como um dos fatores a retraçãode 6,9% no consumo das classes A e B – que recebem mais do que 10 Salários Mínimos (S.M.) – seguido pela desaceleração dos consumidores das classes C e D, que apresentaram recuo de 3,35%.
“O cenário de crise ainda é o forte motivo da queda do consumo no mês, principalmente porque as famílias têm evitado a aquisição de bens supérfluos, o que pode explicar a retração de consumo em abril, apesar de ser o período em que o comércio estima melhorar as vendas devido à Páscoa”, observa Felippe Rocha, economista.
De acordo com o especialista, o fator emprego também impacta no desempenho do consumo. Em Alagoas, apenas no primeiro trimestre foram desligadas 27.444 de seus empregos. Somente o setor de Comércio demitiu cerca de 1.754colaboradores, o que equivale a 6,39% do total de desempregados, enquanto a Construção Civil desligou 431 (1,57%). A maior parte das demissões ficou concentrada na Indústria de Transformação com 22.000 postos de trabalho fechado ou 83,37% do total.
“O aperto nos cintos das famílias que permanecem com uma renda menor por pelo menos seis meses até o retorno das atividades sucroalcooleiras inibe o consumo. Quando aos que perderam empregos no Comércio e na Construção Civil, por não haver espaço no mercado, encontram dificuldades para se recolocarem rapidamente, comprimindo a renda familiar”, explica Felippe.
Em meio a esse cenário, as famílias voltaram a se endividar e, com isso, reduziram o poder de compra no horizonte de médio prazo. Paralelamente, o comércio ainda não sente os impactos dos recursos liberados pelo FGTS dos inativos.
Dados
A persistente perda de empregos no primeiro trimestre trouxe a elevação de incertezas sobre a situação no emprego atual. Em relação ao mês de março, o maceioensese sente 0,5% mais inseguro. Como consequência, acredita que no quesito profissional não haverá melhora, reduzindo otimismo em 0,9%.
Neste contexto, os consumidores evitam o uso do cartão de crédito, o que gerou uma redução de 2,6% em seu uso. A perspectiva de aquisição de bens no longo prazo seguiu a mesma tendência, apresentando retração de 7%, enquanto a aquisição de bens duráveis recuou 12,4%.
Relatório completo: www.fecomercio-al.com.br/instituto