O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore (MTB) vai participar da “15ª Semana de Museus”, com uma programação especial, que será realizada entre 16 e 19 de maio, com o “IV Encontro de pesquisadores do Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore”. O evento inclui mesas-redondas, grupos de trabalho, oficinas e a entrega do Prêmio Gustavo Leite ao melhor artesão do ano.
Na terça (16), às 15h, vai acontecer a abertura com a museóloga Carmem Lúcia Dantas. Às 15h30, será realizada a entrega do XII Prêmio Gustavo Leite e aberta a exposição “Xilogravura e poesia: a arte de Enéias Tavares dos Santos”.
No dia 17, às 14h, haverá a mesa-redonda “Museus e silêncios”, com os museólogos Júlio César Chaves, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Cíntia Rodrigues, do Museu de História Natural, da Universidade Federal de Alagoas (MHN/Ufal) e Rafaela Almeida, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/DF). A mesa-redonda será coordenada pelo publicitário e mestre em Design, Victor Sarmento Souto (MTB/Ufal).
No dia 18, às 8h, será realizado os GTs (Grupo de Trabalho) “Artes, antropologia e construções sociais”, “Memória, história e esquecimento” e “Museus e histórias controversas”, com a coordenação de Verônica Consuêlo (do Museu Afro-Brasileiro de Sergipe – MABS).
Às 14h, vai acontecer a oficina “Uso das novas tecnologias em exposições”, com a professora mestra Priscila Maria de Jesus (do Departamento de Museologia, da Universidade Federal de Sergipe – DMS/UFS) e o minicurso “Audiodescrição para museus”, ministrado pela professora dra Cristina de Almeida Valença (DMS/UFS).
Na sexta, 19 de maio, às 8h30, a mesa-redonda “Museus e histórias controversas”, coordenada pela museóloga Hildênia Oliveira (MTB/UFAL), terá a participação da professora Cristina de Almeida Valença (DMS/UFS), professora Priscila Maria de Jesus (DMS/UFS), professor Elder Patrick Maia Alves, do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA/Ufal) e professora Fernanda Rechenberg (ICHCA/Ufal).
Prêmio Gustavo Leite
A premiação realizada pelo MTB presta uma homenagem ao produtor cultural, iluminador e cenógrafo alagoano Gustavo Leite, que atuou junto aos artistas do interior do Estado, na divulgação e comercialização de suas obras.
Nesta edição, o ganhador é o xilógrafo e cordelista Enéias Tavares dos Santos, conhecido também como Picapau. A entrega do prêmio, que está em sua 12ª edição, é uma realização do MTB, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), a Galeria Karandash e o fotógrafo Celso Brandão. A exposição “Xilogravura e poesia: a arte de Enéias Tavares dos Santos” vai contar com cordéis, matrizes, impressões e álbuns de xilogravuras do artista premiado.
O artista
Na década de 1940, Enéias Tavares começou a fazer a arte da xilogravura. No início, foi uma atividade despretensiosa. “Eu vi um rapaz fazendo carimbos e achei muito interessante. Comecei também a fazer, mas não sabia que aquilo era xilogravura. Na época, eu usava um pedaço de casca de cajá e uma gilete, a calçada como lixa. Tive duas professoras: a natureza e a necessidade”, disse.
O artista lembra que em 1974, foi contratado para fazer trabalhos de xilogravura na Galeria de Arte de Aracaju. “Perguntei o que era xilogravura. E só naquele momento entendi que era o que eu já fazia”, recorda.
Em 1953, Enéias publicou “O cavalo ventania”, o primeiro cordel. Começou a vender sua literatura na Feira do Passarinho, em Maceió. Posteriormente, a obra “Jangadeiro alagoano” teve a capa em xilogravura. “Eu fiz a xilogravura da maior parte dos meus cordéis. Quando os outros cordelistas descobriram que eu fazia esse trabalho passaram a me encomendar a capa dos cordéis”, contou.
O artista, nascido em Marechal Deodoro, morou em Sergipe e Bahia. Entre outras atividades, trabalhou como feirante, carvoeiro e no Conservatório de Música de Sergipe. Durante vinte e cinco anos, atuou no Museu Théo Brandão, onde fazia xilogravura, cordel e pintura.
Enéias lembra que quando começou a trabalhar no Museu, a cultura popular e os personagens do cotidiano foram a temática predominante das suas xilogravuras. “Resolvi fazer tudo: vendedor de fruta, de sururu, amolador de tesoura. Comecei a passar para a xilogravura o que eu via na minha vida desde menino”, revelou.
Nessa época, aprendeu a fazer as cópias de xilogravura. “Eu mesmo fiz a prensa de tirar cópias, fabriquei meus próprios instrumentos de xilogravura”, contou o artista, que teve sua obra exposta em Maceió, Rio Grande do Sul, Paulo Afonso (Bahia), São Paulo, Brasília e em Santiago, no Chile. O cordel de mais sucesso é “Carta de Satanás a Roberto Carlos”. A publicação aborda a música “Quero que vá tudo pro inferno”, composta por Roberto e Erasmo Carlos.
Alguns trabalhos de Enéias foram publicados em formato de álbum, em Sergipe e Alagoas. Em 1977, o álbum de xilogravura “Farinhada” foi publicado pelo governo de Sergipe. Os álbuns de xilogravura “Sururu de Alagoas”, “Coqueiro da praia”, “Coleção folclórica”, entre outros, foram publicados pela Ufal. Uma parte desses álbuns estará à mostra no MTB.
A exposição, que tem a curadoria assinada pela museóloga Hildênia Oliveira, ficará em cartaz, gratuitamente, até o dia 30 de junho, no horário aberto à visitação: das terças as sextas, das 9h às 17h. Mais informações pelos telefones 3214-1716/1710/1715.
Semana de Museus
A 15ª Semana de Museus é um evento nacional, promovido pelo Ibram em comemoração ao Dia Internacional de Museus (18 de maio). Nessa edição, estão participando mais de mil museus de todo o país, com atividades especiais. “Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus” foi o tema definido pelo Conselho Internacional de Museus (Icom) para a edição deste ano. O evento é aberto ao público. Mais informações 3214-1710/1716/1720.