Tendo em vista a importância da água potável e diante da possibilidade de ocorrer sua escassez em várias regiões do Brasil, a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco fez um alerta sobre o problema aos gestores públicos dos municípios visitados durante os trabalhos da sétima etapa da força-tarefa. O objetivo é despertar para as práticas responsáveis na administração dos mananciais utilizados no abastecimento para o consumo humano dessas cidades.
Segundo os técnicos, durante as visitas aos poços artesianos utilizados para captação e distribuição de água própria para consumo, notou-se a carência de métodos que auxiliem na preservação desses locais. A situação se repete também nas regiões das nascentes e barragens. Assim, é preciso criar estratégias para que essas fontes de água não tenham seus potenciais esgotados.
“Os administradores públicos das cidades precisam fazer o dever de casa e ir além de aulas de educação ambiental. É necessário criar políticas púbicas eficientes, que passem pela conscientização da população e alcancem projetos de preservação e reflorestamento do entorno desses mananciais. Apesar de estarmos falando do agreste, a FPI identificou que nessa zona de transição ainda há um alto potencial de recursos hídricos disponíveis”, enfatizou a coordenadora da equipe de recursos hídricos da FPI.
Como exemplo da necessidade de cuidados para minimizar os riscos de um colapso, a longo prazo, no abastecimento, a coordenadora citou os sistemas de distribuição de água das cidades de Junqueiro e Limoeiro de Anadia. Nestes locais, as zonas rurais são abastecidas com recursos hídricos captados de poços artesianos mantidos pela prefeitura. Durante os trabalhos da FPI todos foram fiscalizados e, em nenhum, encontrou-se tentativas de preservação das áreas do entorno.
“Os poços estão desprotegidos, não há mata nativa ao redor. Pelo contrário, a maioria está em regiões descampadas, próximos a roçados ou no meio do casario dos povoados. Normalmente o solo destes lugares é mais úmido, e manter seu entorno arborizado e cercado é vital para que se tenha água por muito tempo. Os poços vertendo água é um sinal de que os lençóis freáticos são substanciais. Mas não são fontes inesgotáveis e precisam ganhar cuidados para que durem”, alertou.
Nascentes comprometidas
Já nas regiões onde há nascente, os fiscais da força-tarefa encontraram um cenário bem parecido e constataram as áreas sofrendo com o avanço urbano e agrícola. Um exemplo é a Barragem Tamanduá, que abastece toda zona urbana da cidade de Limoeiro de Anadia.
“A exploração agrícola é grande e vem pressionando essa barragem, que está com seu entorno tomado por grandes plantações. Isso precisa ser minimizado. Encontramos moradores perdidos, sem saber a quem recorrer ou o que fazer com nascentes que dão sinais de falência. O poder público precisa voltar suas atenções para este quadro”, afirmou.
Outra situação citada pelos fiscais da FPI está na Barragem da Vila Bananeira, localizada na zona rural de Arapiraca. O manancial é uma importante fonte de abastecimento de água para consumo humano do município e, apesar de ser um modelo de preservação de nascentes do estado, necessita de cuidados especiais.
Segundo os técnicos, a estrutura física da barragem apresenta fissuras e infiltrações, acarretando desperdício de água e colocando em risco o sistema de captação e abastecimento.
“A Barragem da Vila Bananeira mantém os nascedouros de água e a mata nativa. No entanto, ela peca na manutenção da estrutura, com considerável perda de recurso hídrico, que tem como destino a população de Arapiraca. Suas rachaduras, ferrugens e infiltrações podem gerar rompimento e causar um colapso no sistema”, afirmou a coordenadora.
Ela salientou que Arapiraca ainda recebe água para consumo humano diretamente do Rio São Francisco, vinda das cidades de São Brás e Traipu. “Ou seja, salvando a Bananeira, Arapiraca teria um aporte em seu abastecimento. Temos que bater na mesma tecla. Os gestores públicos necessitam cuidar das áreas de onde são captados os recursos hídricos para consumo da população. É preciso cuidar das áreas ainda preservadas e, se possível, ampliá-las. A vida dessas nascentes depende dessa atitude e só a criação de políticas públicas ambientais impedirá a falta total de água para as pessoas beberem”.