O ex-assessor do presidente Michel Temer, o também ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), pegou carona com o ministro Gilberto Kassab, da Ciência e Tecnologia, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) de Brasília para São Paulo, onde recebeu no dia seguinte 10 mil notas de R$ 50 que totalizaram os R$ 500 mil na mala de propina da JBS.
Desde o momento em que decolou de Brasília, às 19h, Loures já estava sendo monitorado pela Polícia Federal, com a autorização do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações sobre o voo integram o relatório da Polícia Federal que tem Temer e Loures como investigados e foram divulgadas nesta quinta-feira (22) pelo jornal O Estado de S.Paulo.
A PF também concluiu que Rocha Loures tinha uma grande preocupação de chegar a São Paulo no horário marcado. Por isso, mesmo com a possibilidade de voar em avião da FAB, o ex-assessor de Temer solicitou à sua assessora na Câmara, identificada como Alessandra, que utilizasse verba pública parlamentar para comprar uma passagem em voo comercial, caso houvesse algum imprevisto com a carona de Kassab.
“Entende-se uma preocupação em embarcar em tal dia, inclusive existe a menção a um jantar as 20 horas em São Paulo”, registrou a PF no relatório. “No mesmo diálogo, Rocha Loures menciona manter o voo com Kassab.”. Loures pediu à assessora que providenciasse “volta no outro dia, ou seja, após o encontro com Ricardo Saud”, indica a PF, em referência ao lobista da JBS que entregou o dinheiro ao ex-deputado.
A assessoria do ministro Kassab afirmou que Kassab voou para São Paulo para cumprir agenda da pasta e que é comum que parlamentares utilizem aeronaves da FAB quando disponíveis.