Foi no teatro, cinema, televisão e rádio que Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo, o famoso Paulo Gracindo, deu vida a diversos personagens. O ator, que interpretou uma das figuras mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira, o prefeito Odorico Paraguaçu, na novela “O Bem Amado”, de Dias Gomes, será homenageado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), com uma escultura a ser posicionada na orla marítima da Pajuçara. A inauguração do monumento acontecerá na próxima sexta-feira (14), a partir das 8h, com a presença de familiares do homenageado.
Na quinta-feira (13), às 19h, no Centro Cultural Arte Pajuçara, será exibido o longa-metragem “Paulo Gracindo – O Bem Amado”. O documentário, lançado em 2009, foi dirigido por Gracindo Júnior, filho do ator. Cerca de 150 pessoas devem prestigiar o evento que antecede a inauguração da escultura.
A escultura de bronze foi feita pelo escultor mineiro Léo Santana, que também fez as estátuas em tamanho real dos ilustres alagoanos Graciliano Ramos e Aurélio Buarque de Holanda, inauguradas em 2015 em comemoração aos 200 anos de Maceió, e do poeta Carlos Drummond de Andrade, posicionada no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Para o presidente da Fundação, Vinicius Palmeira, a escultura simboliza a importância do ator consagrado para a cidade e o Estado onde ele viveu e descobriu o amor pelas artes cênicas. “Nossa orla marítima vai ganhar mais um atrativo. Um atrativo de peso e de bronze. E muito maior que o bronze da escultura é o valor do homenageado para o estado de Alagoas. Iremos homenagear o ator alagoano de maior notoriedade no Brasil do século passado”, enfatizou.
Trajetória
Paulo Gracindo nasceu no Rio de Janeiro em 1911 e mudou de endereço ainda criança, com a família para morar em Maceió. Foi na capital alagoana que ele teve o primeiro contato com o teatro amador. O ator morou no bairro da Pajuçara, onde a escultura será instalada. Aos 20 anos, após a morte do pai, o influente político Demócrito Gracindo, Paulo Gracindo voltou a morar no Rio de Janeiro para iniciar definitivamente uma longa história no meio artístico.
Ao longo das décadas de 1930 e 1940, o ator participou das companhias de teatro Alda Garrido, Procópio Ferreira, Elza Gomes e Dulcina de Moraes. Foi locutor, apresentador, radioator, compositor e comediante em programas de rádio de grande sucesso na década de 1950 como “Noite de Estrela” e “Edifício Balança Mas Não Cai”.
Na televisão, Paulo Gracindo foi ator, apresentador, animador e humorista. Sua estreia em telenovelas foi ao lado de Fernanda Montenegro na TV Rio em “A Morta Sem Espelho”, de Nelson Rodrigues, em 1963. Na TV Globo, na década de 1970, o ator conquistou o público ao interpretar dois grandes personagens da teledramaturgia brasileira: o bicheiro Tucão, em “Bandeira 2”, e o prefeito Odorico Paraguaçu, em “O Bem Amado”, de Dias Gomes.
O antológico prefeito Odorico Paraguaçu rendeu ao ator os prêmios de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Arte e da rede de TV Mexicana Televisa. Paulo Gracindo também participou de outros trabalhos de grande audiência na televisão aberta como “Gabriela”, “Roque Santeiro”, “Mulheres de Areia”, “Rainha da Sucata” e “Vamp”. Sua despedida da teledramaturgia foi uma participação especial na minissérie “Agosto”, em 1993.
No cinema, o ator consagrado trabalhou em mais de 20 filmes. Entre eles, “A Falecida”, de Leon Hirszman, “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, e “Cara a Cara”, de Júlio Bressane. Paulo Gracindo morreu no dia quatro de setembro de 1995, no Rio de Janeiro, após ser diagnosticado com câncer.