Mesmo com a redução, o endividamento ainda está mais de 20% superior ao mesmo período do ano passado
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de Maceió (PEIC), realizada pelo Instituto Fecomércio — em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), demonstra que, em junho, houve redução do endividamento em 2,63% em termos absolutos. No entanto, em comparação com o mesmo período de 2016, o endividamento está 22,1% superior. No total, Maceió computa 212 mil endividados.
O endividamento é decorrente de contas de cartões, crediário, cheque especial, financiamentos e outras dívidas. Dos 212 mil endividados, 110 mil são aqueles que estão com contas atrasadas, em relação ao mês anterior. A redução das contas atrasadas corresponde a 3,67%. A análise dos dados aponta que o aumento no número de endividados atrasados com relação ao ano passado cresceu em 18,5%. Para os inadimplentes, a pesquisa aponta existir pelo menos 66 mil maceioenses nessa situação, uma redução de 5% em relação a maio, mas 16,7% superior ao ano passado, o que reforça que ainda há uma ressaca da crise muito forte no país.
Dentre os principais motivos para contração de dívidas, o cartão de crédito continua sendo o principal responsável (78,1%), mas a migração de seu uso continua crescendo – devido às mudanças de regras imposta pela Comissão Monetária Nacional. A fim de evitar refinanciamento por não pagamento após dois meses seguidos, muitos alagoanos estão procurando os crediários. Em abril, a busca por essa modalidade correspondia a 8,8%, em maio, passou para 10,8%. Já em junho, 12,4%.
Para o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), Felippe Rocha, a tendência circular da economia alagoana é a redução paulatina do endividamento e da inadimplência no segundo semestre. “Existem 12 mil trabalhadores, entre os meses de junho e julho, que devem sacar o FGTS [Fundo de Garantia ao Trabalhador por Tempo de Serviço] inativo, isto é, R$ 10.383.354. Além disso, a atividade da indústria sucroalcooleira e o turismo devem reaquecer o consumo da capital e reduzir as dívidas do consumidor, por meio da geração de emprego e renda”, explicou. Em Alagoas, 134.754 pessoas sacaram o FGTS, totalizando R$ 140 milhões. A movimentação ajudou na redução de 2 pontos percentuais do endividamento da capital entre junho e maio.
Segundo Felippe, na tentativa de sanar as dívidas, os maceioenses têm recorrido aos instrumentos financeiros. No entanto, esse malabarismo pode afetar a economia até o final do ano. “As instituições financeiras devem tomar precaução, pois a permissão de crédito e o consumo sem medida podem afetar a receita direta das empresas no curto prazo e gerar problemas, como dificuldade para pagar credores, fornecedores e funcionários”, explicou.
A PEIC foi realizada nos últimos dez dias de maio e foram entrevistados 500 consumidores em diversos pontos de comércio de Maceió.
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