A música traz benefícios físicos e psicológicos. No Complexo Penitenciário, a arte e a cultura disseminada nos versos das canções tem colaborado no processo de reintegração social dos internos do Núcleo ressocializador da Capital (NRC). Iniciado há mais de cinco anos, o projeto de musicoterapia tem trazido esperança aos reeducandos e promovido o desenvolvimento motor e psicológico.
Nos ensaios da banda gospel Liberte Senhor, é nítida a satisfação dos sete internos do NRC que compõe o grupo. Eles ensaiam, religiosamente, todos os finais de semana, com instrumentos profissionais cedidos pela chefia da unidade prisional. É no som da bateria, violão, baixo, percussão e teclado que o grupo dá vida às canções, muitas delas compostas pelos próprios componentes da Liberte Senhor.
Willis Moraes está na banda há oito meses e aprendeu a tocar baixo após entrar no projeto de musicoterapia. Apesar de cantar na igreja antes de ser recolhido na unidade prisional, só após entrar no NRC ele teve a oportunidade de aprender a desenvolver sua habilidade instrumental. “Para mim a música é uma libertação da alma. Sinto-me livre tocando. Como gosto de música, aprendi rápido”, disse.
As letras de adoração ao Senhor são as mais tocadas. “Fazemos louvores, levamos mensagem de esperança, fé, liberdade, superação. Pois o que precisamos é superar os obstáculos”, comenta Willis. O interno explica que todos têm um cuidado especial com os instrumentos para que eles sejam preservados e compartilhados. “Temos um espaço onde podemos ensaiar e cuidar do material com zelo”, afirma Moraes.
Mas quem pensa que o talento artístico já nasce como um dom está enganado, no NRC são fomentadas boas práticas através da educação. Na salas de aula, os professores ajudam os alunos a compor os versos. “Os professores nos ajudam, ensinam muito bem. Agradeço a Deus pela equipe que está nos ajudando”, finaliza Willis.
O agente penitenciário e músico profissional, Tony Câmara, faz questão de falar dos benefícios conquistados através da musicoterapia no Núcleo Ressocializador da Capital. “Os benefício são complexos e integrais. A música no Complexo Penitenciário é uma bênção, sensibiliza o ser. A partir dos instrumentos e do canto, muitos apenados recomeçam suas vidas e trilham um caminho próspero”, afirma Tony Câmera.
Ritmo da liberdade
A banda do NRC faz parte do projeto de musicoterapia da Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social. O engajamento no grupo é voluntário, mas para ser inserido no projeto o reeducando deve ter bom comportamento, seguindo as regras da unidade. “O projeto é muito bacana, vai além dos muros do presídio. Vemos futuro nos internos, um acréscimo cultural, espiritual e profissional”, finaliza o agente penitenciário.