Após quatro assassinatos de travestis e 12 contra LGBTs em Alagoas, o presidente do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), Nildo Correia, cobra elucidação dos crimes ocorridos em 2017. Dados nacionais apontam que em todo o Brasil, somente este ano, 241 assassinatos contra LGBTs foram registrados. Desse montante, 79 das vítimas são travestis. Na manhã da quarta-feira (2), mais uma travesti foi morta em Alagoas. Mary Montilla, de 26 anos, foi morta a facadas em Palmeira dos Índios.
Relembre o caso
Travesti é morta com facadas no pescoço ao sair de bar no Agreste
Preocupado com o elevados índices de violência contra LGBTs no estado, Nildo Correia esteve ontem na Câmara de Vereadores em busca de apoio para denunciar os elevados índices e cobrar a elucidação dos casos. Em pelo menos sete, dos 12 crimes registrados em Alagoas, a polícia ainda não tem suspeitos, como é o caso de Mary Montilla. “O que se sabe é que dois rapazes teriam perseguido ela na saída de um bar da cidade. Não houve qualquer desentendimento dentro do bar – ou antes disso – entre ela e os rapazes, mas depois da sua morte não se sabe o paradeiro dos dois. Este é o terceiro caso contra travestis em pouco mais de 40 dias,” esclarece Correia.
Nildo também reconhece a dificuldade de classificar os crimes como efetivamente homofóbicos ou apenas contra LGBTs, mas para o presidente do GGAL os crimes cometidos contra esse público devem ser sempre associados à exclusão social. “A homofobia não se dá apenas por meio de assassinato, mas a exclusão social causada muitas vezes pela própria família, pela sociedade e até pelos empresários que excluem essas pessoas do mercado de trabalho contribuem para deixá-los mais vulneráveis à violência. Em decorrência disso, muitos são fadados a profissões como cabeleireiro, autônomos ou até mesmo à prostituição. Por isso, o GGAL quer encontrar uma forma de inserir essas pessoas no mercado de trabalho. Temos que discutir o assunto de forma ampla. Não é apenas uma questão de Segurança Pública.
Uma das formas estudadas pelo GGAL passa pela criação e aprovação de uma lei semelhante à lei de terceirização ou lei de cotas, que exigem a contratação de deficientes físicos em empresas ou instituições públicas a partir de determinado número de colaboradores. Nildo diz que apesar de o GGAL ter foco no público gay, a ideia da lei também incluiria idosos e pessoas de outros segmentos como portadores do HIV ou Aids.
O presidente do GGAL admite que é preciso intensificar o trabalho também junto aos LGBTs que se colocam muitas vezes em situações de risco, recebendo dentro de casa parceiros desconhecidos, facilitando a ação de seus algozes.