Com choro, emoção, aplausos e homenagens. Assim foram os primeiros minutos de Abel Braga em um estádio de futebol, quatro dias após a morte de seu filho João Pedro, no último sábado, no Rio de Janeiro. O treinador do Fluminense abriu mão de um eventual período de descanso para se recuperar da tragédia, e viajou até Recife para comandar a equipe na partida contra o Sport nesta quarta-feira à noite, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Abel foi o centro das atenções antes da bola rolar na Ilha do Retiro. De forma programada, o carioca de 64 anos entrou em campo sozinho. E, durante sua caminhada dos vestiários até o banco de reservas, foi aplaudido e teve seu nome gritado pelos pernambucanos. Pelo menos um torcedor exibiu o cartaz com a hashtag #ForçaAbel, que ganhou força nas redes sociais nos últimos dias.
Emocionado com a homenagem, Abel segurou as lágrimas, respirou fundo, olhou para o céu e agradeceu o apoio ao longo do percurso. Em seguida, recebeu um longo abraço de Vanderlei Luxemburgo, treinador do Sport.
Devido à excepcionalidade da situação, até o protocolo do jogo foi quebrado. Abel e Luxemburgo ouviram o Hino Nacional lado a lado, enfileirados com os jogadores dos dois times e a equipe de arbitragem. Enquanto isso, o preparador de goleiros Marquinhos, do Fluminense, chorava no banco de reservas.
A partida teve também um minuto de silêncio antes do apito. E os jogadores do time carioca jogaram com uma tarja preta na manga da camisa.
Questionado pela equipe de reportagem do canal SporTV, Abel explicou o motivo de viajar com o Fluminense para Recife, pouco tempo após a morte do filho.
“É para tentar mostrar às pessoas que não podemos perder para a vida, e sim aproveitá-la. Nós caímos muito, e levantamos muito. É preciso levantar sempre. Essa homenagem, como tantas outras, me fazem ter essa força que eu nem sei de onde eu tiro. Não esperava isso, ouvir o Hino Nacional ao lado dos jogadores e dos árbitros. A homenagem da torcida do Sport me marcou”, falou Abel.