Fernanda Lima usou suas redes sociais para se manifestar sobre as polêmicas envolvendo Silvio Santos. Na internet, a apresentadora publicou um texto explicando o motivo de ter rebatido as frases que o dono do SBT veiculou em seus programas. No texto, Fernanda afirma ter protagonizado um “debate público” e afirma que sua posição de comunicadora indica que “ter privilégios também implica ter responsabilidades”. Leia o texto na íntegra.
“Diante de tantas manifestações carinhosas e outras tão agressivas que venho recebendo ao longo dessas semanas, resolvi escrever para elucidar os pontos que acredito e que não me fizeram calar diante desse debate público, afinal nada aqui é pessoal. É coletivo, é polítca. Pessoalmente, ser chamada de magra, ou mesmo ser objetificada com frases do tipo, ‘se ela não souber fazer amor e sexo, eu vou ensinar ela’, me parece um absurdo, mas não me oprime a ponto de me fazer sair do conforto do meu silêncio para pedir respeito. Sei quem sou, gosto do meu corpo e escolho com quem faço amor e sexo. No entanto, politicamente, como uma comunicadora, venho aprendendo que o mundo mudou e que não cabe mais rir do oprimido, mas sim do opressor. Ter privilégios também implica ter responsabilidades. De que adianta dar visibilidade às minorias para zombar da cara delas?”.
Fernanda Lima, em seguida, continuou:
“Romper o silêncio pode ser desesperador ou libertador. Prefiro acreditar na segunda opção, então não me calo. Sigamos firmes no propósito de usar nossa voz para pedir respeito, igualdade e justiça. Sigamos firmes na construção de vias de comunicação, de informação, de aprendizado sobre os males sociais do machismo para que nenhuma mulher mais sofra qualquer tipo de violência pelo simples fato de ser mulher.Chega de assédio, de abuso, de violência contra nossos corpos, contra quem somos. O corpo da mulher não é território público onde se pode meter a mão, avaliar, invadir, usar, agredir. Sigamos firmes e juntas construindo um grande abrigo de proteção para todas as mulheres, contra qualquer violência machista (…) Pois enquanto escrevo esse texto o machismo mata. Enquanto você lê esse texto o machismo mata. No Brasil, as pesquisas mais recentes mostram que em média oito mulheres são assassinadas por dia apenas por serem mulheres. Só em 2014, foram mais de vinte mil atendimentos de mulheres no sistema público de saúde de vítimas de violência sexual . Um quarto desses atendimentos foi de adolescentes e um terço foi de meninas até 11 anos de idade (…)”
Direcionada às polêmicas envolvendo Silvio Santos, que chegou a ser defendido pela filha, Patricia Abravanel, Fernanda Lima finalizou:
“Então, chega de benevolência com qualquer comportamento que de alguma forma inferiorize a mulher. Não vamos assistir caladas a essas ‘brincadeiras’ se reproduzindo por aí a torto e a direito. Nem no SBT, nem na Globo, nem em casa, nem no trabalho e nem na mesa do bar. Nem meu pai, nem meu avô, nem meu marido, nem meu filho nem você. Nem contra mim, nem contra nenhuma mulher ou representante da minoria política. Um beijo a todas e a todos que topam encarar esse papo verdadeiramente profundo e transformador, sem mimimi”.
Relembre a polêmica
Silvio Santos disse numa gravação recente de seu programa que a apresentadora do “Popstar” era “muito magra”, sugerindo que não o atraía fisicamente. O comentário do comunicador veio após ele dizer que, com a ex-modelo, “não havia amor nem sexo”. Na última segunda-feira, num post com uma crônica da colunista Milly Lacombe, da Folha de S. Paulo, defendendo-a, Fernanda escreveu: “É para rir ou para chorar?”. Na sequência, ela foi criticada por Patricia Abravanel, filha do apresentador:
“Nossa, Fernanda Lima, estou com a maior preguiça de você. Qual sua intenção? Quer aparecer? Pode deixar, vou parar de te seguir, mas não aguentei. Preguiça MASTER. Tudo é um mimimi, mais leveza”, disse Patricia, que apagou o comentário em seguida.
Neste ano, Silvio Santos tem dividido opiniões com comentários feitos no ar durante seu programa no SBT. Em julho, antes de alfinetar Fernanda Lima no palco da atração, ele havia feito outros comentários misóginos opinando sobre o visual da modelo Marthina Brandt e da atriz Manu Gavassi. “Mulher não tem o direito de ser feia”, disse o comunicador, de 86 anos.