*Contém spoilers.
Depois de uma temporada irregular em que observamos a trama de Game of Thrones se afunilar, delineando os rumos finais da história, fomos todos presenteados com um último episódio espetacular. Alguns erros cometidos em momentos anteriores dessa temporada 7 parecem ter sido corrigidos e tivemos um finale equilibrado, com as doses certas de ação, drama, suspense. Ou seja, com o que essa série tem de melhor.
Foram 80 minutos explosivos: a impressionante virada de Sansa e Arya e a consequente morte de Mindinho, Cersei mostrando toda a sua inteligência estratégica, o começo da invasão dos mortos com o rei da noite dominando a versão zumbi de Viserion, a consolidação de Jon Snow como herdeiro legítimo do trono de ferro e a destruição de partes da Muralha. Não há mais dúvidas de que a 8ª e última temporada será monumental.
“O Dragão e o Lobo” começa em Porto Real. Vemos Bron e Jaime se preparando para um possível confronto com os Unsullied e os Dothraki. Uma bela de uma demonstração de força que não passou despercebida e ficou ainda mais evidente na entrada triunfal da mãe dos dragões e seu primeiro encontro com Cersei: ela chega casualmente atrasada e em cima de um de seus dragões. Xeque-mate?
Depois das introduções, Clegane vai até o local onde está o morto que trouxeram como prova da existência desse exército para a atual rainha. O soldado zumbi aparece, depois de alguns segundos de tensão que nos fizeram perguntar se algo de errado poderia estar acontecendo. Ele avança em direção à Cersei, que faz caras e bocas de choque.
Jon Snow e Tyrion parecem convencê-la da importância da união de todos nessa guerra. Euron, desagradável como sempre, decide levar sua armada e homens de volta para as Ilhas de Ferro ao saber que esses zumbis não podem nadar (um notório furo do episódio 6 da temporada 7 que mostra os mortos ora se afogando, ora mergulhando para retirar um dragão morto das profundezas das águas geladas. Falamos mais sobre isso neste texto aqui).
Cersei aceita a trégua proposta por Daenerys e aliados e se mostra disponível para enviar homens para essa guerra. Porém, não sem uma condição: o rei do Norte se manterá imparcial durante todo esse tempo. E qual não foi a resposta de Jon Snow? Para o choque de todos os presentes, ele diz que não poderia fazer isso, já que já havia jurado lealdade para a Targaryen.
A reação de Cersei era a única possível: dar as costas e ir embora, e foi exatamente o que ela fez. “You know nothing, Jon Snow”, essa frase memorável se fez novamente pertinente. Até mesmo Daenerys critica a posição de Jon, lembrando que foi em prol dessa trégua que ela perdeu um dragão durante o resgate da turma que foi além da Muralha para buscar um caminhante branco. Tyrion então se dispõe a ir conversar pessoalmente com sua irmã mais velha para ver se consegue fazer com que ela retome os planos.
A conversa entre os irmãos é tensa, mas mostra como o real objetivo de Cersei é o poder e nada mais. Não há sequer um traço de preocupação com seus súditos, com o futuro do reino, tudo gira em torno da proteção da sua família, das riquezas dos Lannisters e do trono de ferro.
O encontro, no entanto, surte o efeito necessário: a atual rainha volta atrás e anuncia que irá permitir que seu exército marche em direção ao norte. “E quando essa grande guerra acabar, talvez vocês se lembrem que eu escolhi ajudar sem promessas ou garantias para nenhum de vocês”, diz ela. Justíssimo. Aliança formada, os grupos se retiram para seus respectivos castelos e se debruçam sobre as estratégias.
Em Winterfell, vemos uma Sansa indignada com o corvo que recebeu de seu irmão, informando-a de que havia se ajoelhado ante a mãe dos dragões, algo que Jon fez sem consultá-la. Mindinho encontra-se reunido com ela naquele instante e segue com suas mensagens traiçoeiras, tentando de todo o modo fazer com que a tensão com Arya cresça ainda mais. Ele parece convencê-la de que a irmã mais nova voltou para casa apenas para matá-la.
Já de volta ao castelo Pedra do Dragão, o time Targaryen agora conversa para definir como a marcha ao norte acontecerá. Jon e Dany decidem navegar juntos, embora Ser Jorah tenha deixado uma reflexão pertinente para sua rainha: a guerra de seu pai deixou rastros de morte e destruição, especialmente no Norte, o que faz dela um alvo fácil para justiceiros.
Essa informação é especialmente pertinente quando lembramos que, em momentos anteriores, Tyrion começou a tentar conversar com Dany sobre planos de sua sucessão, considerando que, em tese, ela não pode ter filhos. Alguma coisa pior pode estar de delineando no horizonte da mãe dos dragões, mas, por enquanto, permanecemos apenas com especulações e teorias.
Em seguida, vemos um dos momentos mais legais do episódio que é o encontro entre Theon e Jon. Dura no início, a conversa toma um rumo interessante quando Snow diz que perdoa o Greyjoy por tudo o que pode e o lembra de que ele é uma mistura das Ilhas de Ferro e do Norte.
Theon parece revigorado e decide, então, ir buscar sua irmã, Yara, que foi feita refém por Euron em Porto Real. Para tanto, contudo, precisava convencer alguns homens que restaram da armada da sua irmã, mas não é bem recebido por um deles que aparenta ser o líder. A bravura do pequeno Greyjoy que enfrenta esse homem com coragem, apesar de ter apanhado um bocado, convence os outros a se juntarem a ele nesse resgate.
O blog não poderia estar mais orgulhoso de Theon. Tudo bem que ele errou muito ao longo de toda a trama, especialmente com os Stark, mas depois do que ele passou nas mãos de Ramsay Bolton e de ter ajudado Sansa num momento em que ninguém mais poderia, esperávamos que ele superasse os traumas do passado e encontrasse a sua redenção. E parece que finalmente conseguiu.
Outro momento incrível do episódio dessa noite aconteceu em Winterfell. Sansa manda os guardas levarem Arya até o salão principal. Lá, vemos Lady Winterfell sentada ao lado de Bran e vários vassalos da casa Stark presentes. Sansa começa a lançar questões de traição e Arya insinua que está lá para respondê-las. No canto da sala, vemos Mindinho com aquele olhar sorrateiro e seu sorriso maligno.
Sansa então diz: “Você é acusado de assassinato, você é acusado de traição. Como você responde a essas acusações…………Lorde Baelish?”
UMA REVIRAVOLTA INACREDITÁVEL. As previsões do blog estavam certas e os recentes desentendimentos entre as irmãs nada mais eram que uma estratégia que visava mostrá-las fragilizadas aos olhos de Mindinho, apenas para que pudessem se manter a par de suas tramoias com a ajuda das visões de Bran. Espetacular talvez seja o único adjetivo possível.
A matilha dos Stark finalmente consegue fazer justiça por todos aqueles que morreram injustamente durante esses anos de guerra. Ned e Catelyn estariam muito orgulhosos. Os fãs certamente estão e o blog mais ainda. Um viva para os nossos lobinhos!
E que momento é esse em que vimos Mindinho em desespero, implorando pela própria vida. Sansa dá a ordem e Arya então o executa. É o fim de um dos maiores pilantras de toda a série.
O episódio 7 poderia ter acabado aí e já teria nos trazido acontecimentos importantíssimos, mas foi além. De volta a Porto Real, Cersei interrompe uma reunião de Jaime em que planejava com seus oficiais a ida ao norte, conforme combinado com Tyrion e Jon. Cersei pede que todos saiam e revela ao irmão, e amante, que o seu aceite em ser parte do plano não passava de uma armação. Mas é claro que não passava!
O blog bem que vinha dizendo que um plano baseado na confiança dos passos de Cersei não é um bom plano. Dito e feito. Aprendemos que a saída de Euron e a retirada de sua armada foi um show, e que, na realidade, ele zarpou para Essos para buscar um exército de mercenários comprados com financiamento do Banco de Ferro.
Jaime fica revoltado e diz que ainda assim seguirá com o combinado. Cersei ameaça matá-lo, mas desiste de dar a ordem para Montanha. O blog confessa que achou que teríamos mais essa morte para lidar no episódio dessa noite, mas isso não aconteceu. O cavaleiro então deixa Porto Real e nota a neve anunciando a chegada do inverno.
Um dos momentos mais aguardados de toda a temporada acontece logo em seguida da separação entre os irmãos incestuosos: finalmente descobrimos a verdadeira hereditariedade de Jon Snow. Samwell chega em Winterfell e se encontra com Bran. O Stark começa então a revelar para o Tarly sobre suas visões e diz que é necessário contar a verdade para Jon.
Bran narra para Sam tudo o que viu e explica que Jon é filho de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen. Continua dizendo que, invés de Snow, como são conhecidos os bastardos no Norte, ele se chamaria Sand, que é como são conhecidos os bastardos em Dorne. Sam, no entanto, o interrompe, dizendo que Gilly se deparou com anotações que mostram que Rhaegar e Lyanna se casaram oficialmente, o que faz de Jon filho e herdeiro legítimo. Seu nome real? Aegon.
Enquanto tudo isso acontece, a torcida pelo envolvimento entre Jon e Dany ganhou momentos de muita felicidade, já que vemos a dupla se envolvendo em uma noite tórrida de amor. Do lado de fora da cabine da mãe dos dragões, uma cena esquisita: enquanto os pombinhos estão juntos, Tyrion é visto na espreita e parece saber exatamente o que acontece por trás daquela porta. Será que ele ficou incomodado? Preocupado?
Ainda em Winterfell, vemos uma cena sensível entre as irmãs Stark, que lembram do pai. O blog gostou muito da atitude de Arya ante a irmã, reconhecendo a gravidade de tudo o que ela passou e elogiando a força de Sansa durante todo esse tempo de sofrimento. “O lobo solitário morre, mas a matilha sobrevive”, dizem as duas ao lembrar um ensinamento de Ned sobre o inverno e a importância da união. Foi muito gratificante vê-las juntas, unidas e fortalecidas.
Tudo parece ir bem, quer dizer, quase, quando chegamos então em Atalaialeste. Tormund e Berric Dondarrion caminham por um trecho da Muralha. Em poucos segundos, notam milhares de caminhantes brancos saindo da mata e, logo em seguida, o rei da Noite aparece em cima de seu dragão zumbi, que expele uma espécie de chama azul. Começa a destruição da Muralha, com homens correndo para tentar se salvar, mas em vão.
Uma grande parte da enorme e simbólica construção cai e vemos o exército dos mortos atravessá-la com tranquilidade. Créditos sobem, o coração desacelera. É, caros leitores, agora é segurar a emoção e a ansiedade, pois a última temporada da série promete trazer ainda mais ação, mas sem perder de vista as disputas palacianas pelo poder em Westeros. Game of Thrones teve um de seus melhores momentos e esperamos que siga assim.