A IFesta Literária de Maceió, a Flipontal, que anima o bairro do Pontal a partir desta quarta-feira (30), é uma iniciativa da Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural, da Associação Cultural Alagoa do Sul e da Associação dos Artesãos do Pontal da Barra. Os homenageados dessa edição serão a escritora cearense Rachel de Queiroz e Audálio Dantas, escritor e jornalista alagoano.
Nascido em Tanque d’Arca, portão de entrada do agreste alagoano, em 1929, Audálio Dantas é, sem dúvida, uma figura indispensável para compreender o Brasil do século 20. Em atuação desde a década de 50 no jornalismo, ele ganhou destaque não só pelas grandes e certeiras reportagens, mas também por sua militância política. Eleito presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo em 1975, no auge da Ditadura Militar, encabeçou os protestos que se seguiram à tortura e ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog, um dos momentos mais emblemáticos desse triste período.
Vladimir Herzog serviu, ainda, de inspiração para uma das mais aclamadas obras de Audálio: o livro-reportagem As Duas Guerras de Vlado Herzog, eleito o melhor livro de não-ficção do ano de 2013, pelo prêmio Jabuti, e que o fez receber honrarias da ONU, em função da sua luta pelos direitos humanos. Outras obras de destaque do autor, que tem em seu currículo os maiores veículos de comunicação do país, são O Chão de Graciliano e A Infância de Ziraldo, que falam, respectivamente, dos primeiros anos de vida do maior escritor alagoano e do consagrado cartunista brasileiro.
Rachel de Queiroz, nascida em Fortaleza, no ano de 1910, para além de O Quinze, sua obra-prima, é uma das mentes mais importantes do Brasil. Ela foi escolhida a quinta ocupante da cadeira de número 5 da Academia Brasileira de Letras e representou o Brasil, como delegada do país, na 21ª Sessão da Assembléia Geral da ONU, na qual trabalhou na comissão de Direitos Humanos. Vencedora do maior prêmio literário em língua portuguesa, o Camões, teve Alagoas como parte importante da sua história.
Ela, abalada com a morte prematura de sua filha Clotilde, mudou-se para Maceió em 1935, já consagrada pela publicação de O Quinze, dois anos antes, onde teve a oportunidade de conhecer, e tornar-se amiga, de Graciliano Ramos, do paraibano José Lins do Rêgo, autor de Fogo morto e Menino de Engenho, que também residia na cidade à época, e o poeta Jorge de Lima. Eles, e um seleto grupo de intelectuais do estado (como Theo Brandão, Aurélio Buarque de Hollanda e Carlos Moliterno), se reuniam sempre no Café Ponto Central, no centro de Maceió.
Flipontal
A abertura da Flipontal, a partir das 19h da quarta-feira (30), acontece na Praça Caio Porto. As atividades se estendem por quatro dias, com destaque para a entrevista ao vivo com Audálio Dantas, às 16h da sexta-feira (01), com os jornalistas Mário Lima, Rodrigo Cavalcante, Bleine Oliveira e Goreti Lima, além da palestra Minha amiga Rachel de Queiroz, de Maurício Melo Junior. Além das mesas de discussão, o evento contará com extensa programação artística e cultural até sábado.
