Até o dia 8 de outubro, ao menos 50 autores independentes estarão se revezando em um espaço comum e talvez o mais democrático da 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas: a Praça de Autógrafos. A cada 90 minutos, quatro novos autores, de gêneros e formatos distintos, tomam conta do lugar destinado ao encontro, com uma conversa olho a olho entre autores e leitores, além da tão desejada dedicatória das obras à venda. É possível conversar com alguns deles já na noite deste domingo (1º).
Talvanes Faustino é um desses autores. Ele está inaugurando sua participação em bienais com a obra Alexandre, o poeta guerreiro, uma narrativa épica lançada em 2012 pela plataforma digital Clube de Autores, mas que foi impressa especialmente para esta Bienal. O autor disse que começou a escrever há 8 anos e que já vinha publicando outras produções pela mesma plataforma, mas, desta vez, sua obra pôde ser lançada pela Editora Multifoco.
“O livro é um poema narrativo, tradicionalmente, chamado de épico. Tem quatro cantos e trata sobre o personagem Alexandre. Ele é fictício, não é o rei da Macedônia, e sim um adolescente que se apaixona e não tem seu amor correspondido, que passa a se sentir excluído, tanto socialmente quanto politicamente”, conta o autor. “Ele perde toda a sua vontade de viver, sai de onde vive e se lança numa viagem pelo mundo. A partir dessa viagem, ele entra em guerras. A obra aborda várias discussões e perpassa algumas ciências, como História, Filosofia e Ciências Políticas”, completa Talvanes.
Não foi uma ficção que Jefferson Vasconcelos Goes, juntamente com Eduardo de Souza Paulo de Melo e Analuíza Marcolino da Silva produziram, quando escreveram Codependência: 10 atitudes básicas. A coautoria reuniu uma jornalista e dependentes químicos em busca de ajudar os familiares de usuários de drogas a enfrentarem os males ocasionados pelo vício.
A obra foi lançada em 2013. “Ela nasceu das experiências que tivemos com dependentes químicos. Juntos, fizemos o movimento Drogas Nunca, que trabalha justamente com informações que abordam a dependência química”, detalha Jefferson. “Ao longo dos nossos anos de trabalho e militância, a gente viu que aquele que é mais afetado por essa situação são os familiares. São os mais frágeis, nomeados como codependentes. Então, essa obra nasceu para que pudéssemos instruir como os eles podem lidar com os dependentes, de uma forma clara, objetiva e bem sucinta”, afirma.
A obra de Nelson Firmino da Silva também surgiu de experiências pessoais, mas, no caso dele, foi o seu distanciamento da família que foi propulsor para a escrita. Ele morou em São Paulo por cinco anos e a necessidade de se comunicar com seus parentes, que continuavam em Alagoas, fez com que ele criasse o hábito de escrever cartas, muitas delas com reflexões e impressões sobre o mundo cotidiano. Após reuni-las, Nelson lançou, em 2015, Correspondência de um louco.
“Quando eu estava trabalhando lá em São Paulo, com obras – porque eu sou pedreiro – iam surgindo as ideias e eu ia escrevendo. Depois eu passava a limpo em casa e ia percebendo que eram interessantes e profundas também. Até eu mesmo me surpreendi quando reuni as cartas que haviam sido enviadas para a minha família, com essas ideias”, lembra Nelson.
Assim como Nelson, Talvanes e Jefferson, os demais autores independentes terão ao menos duas oportunidades para exibir, conversar e receber os curiosos. Vai lá e confere! Toda programação da 8ª Bienal Internacional do Livro é gratuita.