O cantor Caetano Veloso lamentou nesta segunda-feira (30) a decisão da Justiça que impediu que ele fizesse um show em uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Bernardo do Campo, São Paulo. “É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático”, afirmou o cantor, que foi até a ocupação ao lado de Paula Lavigne. Outros famosos, como as atrizes Letícia Sabatella e Sônia Braga, o cantor Criollo e a diretora e apresentadora Marina Person, também compareceram.
“Ser impedido de cantar não é bom. Mais do que nunca é preciso cantar, como dia a música de Vincius de Moraes (Marcha de Quarta-feira de Cinzas). Porque há muita dificuldade”, acrescentou o cantor. “Eu não sou técnico em questões legais. Me sinto mal, dá a impressão que não é um ambiente propriamente democrático. É um modo de reprimir uma ação que seria legítima. Mas eles apresentam justificativa por causa de segurança. Acho que há má vontade deles. Envolve a prefeitura da cidade, a parte jurídica. Aceitei vir porque me interessou a questão”, explicou.
Seis mil famílias ocupam o local. Paula Lavigne afirmou que o show deve acontecer depois. “Nao vai ser dessa vez, mas prometo que vai rolar”, afirmou.
Caetano afirmou que gostaria de dedicar a canção “Gente” para as pessoas da ocupação. Ele subiu no palco montado para o show, mas não se apresentou. Manifestantes aplaudiram os artistas, que chegaram a falar rapidamente.
Show barrado
A decisão de barrar o show veio após pedido do Ministério Público. A juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Bernardo do Campo, estabeleceu que fosse paga uma multa de R$ 500 mil se não fosse cumprida. Ela considera em sua decisão que o “local que não possui estrutura a suportar show, mormente para artistas da envergadura de Caetano Veloso, um dos requeridos nesta ação.”
“Seu brilhantismo [de Caetano] atrairá muitas pessoas para o local, o que certamente colocaria em risco estas mesmas, porque, como ressaltado, não há estrutura para shows, ainda mais, de artista tão querido pelo público, por interpretar canções lindíssimas, com voz inigualável”, afirma a juíza na decisão.