Dorival Júnior fechou contrato com o São Paulo no dia 5 de julho, quando o Campeonato Brasileiro estava na 12ª rodada e o Tricolor ocupava uma das quatro posições da zona de rebaixamento, com 11 pontos. O treinador chegou para cumprir uma missão: livrar o clube do primeiro rebaixamento de sua história. Muitas pessoas, inclusive comentaristas esportivos, davam como certa a queda do Soberano. Mas a “tragédia” não aconteceu. Dorival Júnior, junto com Lucas Silvestre, seu filho e auxiliar-técnico, Celso Resende, preparador físico, e o analista de desempenho Leonardo Porto, conseguiu atingir o grande objetivo de permanecer na Série A.
Em entrevista exclusiva ao Esporte ao Minuto, Dorival Júnior falou sobre a responsabilidade de assumir o São Paulo em plena crise e sobre como conseguiu reverter a complicada situação do Tricolor.
“Não vou te falar que foi um processo fácil. Primeiro tentamos perceber aquilo que vinha acontecendo com o grupo. Era um elenco em transição, que vinha recebendo vários jogadores, muito próximo a minha chegada. Alguns jogadores chegaram vinte dias antes de a gente (comissão técnica) chegar no clube. Então queira ou não, foi uma remontagem dentro de uma competição. Não era uma situação simples. Os jogadores estavam conhecendo o clube e os novos companheiros. Estávamos num momento muito difícil, pois vínhamos de nove rodadas sem vitórias. A partir daí começamos a mexer na equipe”, disse o técnico, que assumiu o lugar do então estreante e ídolo tricolor Rogério Ceni.
Dorival Júnior contou também que não conseguiu relaxar nesse período de crise do São Paulo, nem mesmo quando ele estava em casa. “Não tinha como. Relaxamento não tinha como. Foi muito desgastante, foi muito complicado. É um dos trabalhos que eu mais valorizo na minha carreira. Às vezes eu ouço as pessoas falarem que o São Paulo tinha um grande elenco. Mas o São Paulo não tinha um grande elenco, tinha bons nomes num elenco”, pontuou o treinador.
O comandante são-paulino, que já salvou do rebaixamento equipes como Santos e Palmeiras, disse que resgatar o São Paulo no Brasileirão teve um peso maior.
“Teve um peso maior sim. Principalmente porque, esse é um detalhe muito importante, foi uma equipe reformulada dentro do campeonato. Nós estamos finalizando o Campeonato Brasileiro, mas muitos jogadores que hoje são titulares não completaram ainda 25 partidas com a nossa equipe. É muito pouco. Tem um peso muito grande. E o que nos ajudou, a partir da virada do turno, foi que começamos a ter semanas abertas. Então aproveitamos para recompor a equipe. Então partimos para um recuperação que aconteceu apenas na 36ª rodada”, comentou.
Sobre 2018, Dorival confirmou que continua no comando do São Paulo e que já trabalha para trazer reforços.
“Estamos começando a conversar a respeito de alguns nomes que possam vir. Eu não quero muitas peças, eu quero peças pontuais, que venham e que não gerem dúvidas”, afirmou.
Confira abaixo a entrevista completa que o Esporte ao Minuto fez com Dorival Júnior.
Você em algum momento temeu o rebaixamento e duvidou da permanência da equipe na Série A do Campeonato Brasileiro?
Não vou te falar que foi um processo fácil. Primeiro tentamos perceber aquilo que vinha acontecendo com o grupo. Era um elenco em transição, que vinha recebendo vários jogadores, muito próximo a minha chegada. Alguns jogadores chegaram vinte dias antes de a gente (comissão técnica) chegar no clube. Então queira ou não, foi uma remontagem dentro de uma competição. Não era uma situação simples. Os jogadores estavam conhecendo o clube e os novos companheiros. Estávamos num momento muito difícil, pois vínhamos de nove rodadas sem vitórias. A partir daí começamos a mexer na equipe. Hoje temos sete jogadores, que terminaram a última partida (contra o Botafogo, pela 36ª rodada), praticamente sete jogadores que ainda não completaram 23 partidas pelo São Paulo. Então não foi uma situação tranquila. Foram muitas dificuldades, a cada rodada, muita coisa foi feita internamente para que o São Paulo mudasse completamente o padrão que vinha apresentando. E eu fico muito satisfeito de ver que esse trabalho acabou encontrando, num primeiro momento, esses resultados, que para nós ainda são mínimos pela grandeza do São Paulo e para o seu torcedor. São pequenos resultados, mas importante diante do que aconteceu com o clube ao longo do ano.
Você conseguiu relaxar em algum momento desses meses, até mesmo quando estava em casa após o trabalho?
Não tinha como. Relaxamento não tinha como. Foi muito desgastante, foi muito complicado. É um dos trabalhos que eu mais valorizo na minha carreira. Às vezes eu ouço as pessoas falarem que o São Paulo tinha um grande elenco. Mas o São Paulo não tinha um grande elenco, tinha bons nomes num elenco. Alguns jogadores estavam chegando ao clube. Não foi uma situação. simples, não foi uma situação fácil. Eu dou muito valor ao trabalho que foi feito aqui dentro, porque só quem conviveu e participou de tudo sabe as dificuldades que nós tivemos e o quanto foi trabalhoso.
E aquela história de que time grande não cai?
Você dizer que uma grande equipe não cai no futebol brasileiro? Uma grande equipe cai sim. E os riscos de um descenso eram iminentes. Acho que isso tem que trazer um alento ao torcedor, ao grupo de São Paulo e a diretoria, para que não repitamos os mesmo problemas que nós tivemos e que nos levaram a essa condição do campeonato.
Você já “salvou” outros clubes no passado, como Santos e Palmeiras. O São Paulo teve um peso maior por conta desse histórico e de ser um dos poucos clubes que jamais caíram à Série B?
Teve um peso maior sim. Principalmente porque, esse é um detalhe muito importante, foi uma equipe reformulada dentro do campeonato. Nós estamos finalizando o Campeonato Brasileiro, mas muitos jogadores que hoje são titulares, não completaram ainda 25 partidas com a nossa equipe. É muito pouco. Tem um peso muito grande. E o que nos ajudou, a partir da virada do turno, começamos a ter semanas abertas que aproveitamos para recompor a equipe. Então partimos para um recuperação que aconteceu apenas na 36ª rodada.
Como foi reverter essa crise?
Uma crise como essa num clube de futebol, você tem que atacar vários aspectos, em várias situações, tanto internas quanto externas. E queira ou não, é a contribuição de todos que nos ajudou a alcançar tudo isso. O interesse e a preocupação de todos ajudou o São Paulo a buscar forças, corrigir seus erros e finalizar o campeonato com uma recuperação. Mas foi muito pouco por tudo o que representar o São Paulo.
O senhor segue no comando do São Paulo em 2018?
Eu tenho contrato até o final de 2018, mas no futebol tudo é muito relativo. Estamos já trabalhando para o ano seguinte, mas a diretoria tem o direito de avaliar aquilo que foi desenvolvido e saber o que quer e o que buscará para o ano seguinte. O trabalho prossegue.
O planejamento para o ano que vem já começou?
Estamos começando a conversar a respeito de alguns nomes que possam vir. Eu não quero muitas peças, eu quero peças pontuais, que venham e que não gerem dúvidas.
Há posições específicas?
Prefiro não falar, pois não sei se vou ter possibilidade de contratar. Caso não aconteça, eu tenho que valorizar aqueles que aqui estão.
Quais são os objetivos para o ano que vem?
Acho que o São Paulo tem que começar a protagonizar um campeonato. Ser protagonista e, acima de tudo, se preocupar com o processo de resgate, não só da tabela, como do torcedor. O torcedor são-paulino deu exemplo para todo o Brasil, ajudando muito a equipe, com uma postura muito correta. Temos que retribuir. Ficamos devendo muito ao nosso torcedor em 2017 e temos que paga-los, de alguma maneira, no ano seguinte.