Os trabalhadores rurais sem terra realizaram na manhã desta quarta-feira, 29, ações em alusão aos 12 anos do assassinato do trabalhador rural Jaelson Melquíades, morto em uma emboscada na cidade de Atalaia. A mobilização ocorre em Maribondo, cidade localizada na zona da mata a 86 km da capital.
De acordo com a assessoria do MST, Jaelson morreu aos 25 anos de idade e teve sua morte encomendada por um fazendeiro de Atalaia. “Desde o assassinato de Jaelson, há 12 anos, todo o dia 29 de novembro é marcado pela luta e denúncia dos camponeses e camponesas contra a impunidade que sustenta a violência no campo e na cidade”, ressaltou Margarida da Silva, da direção nacional do MST.
Segundo a dirigente, as ações são respostas da organização aos poderosos que querem acabar com a luta pela Reforma Agrária. “O braço armado do latifúndio sempre foi acobertado pela conivência do Poder Judiciário, criminalizando e tentando acabar com a luta pela terra e pela Reforma Agrária em Alagoas. Nossa luta é pela memória de Jaelson e de tantos outros mortos na luta pela terra, pelo seu legado e continuação de sua luta”.
Margarida lembra do assassinato de outros trabalhadores rurais assassinados em Alagoas que seguem com seus casos impunes, a exemplo de Chico do Sindicato (em 1995), José Elenilson (em 2000) e Luciano Alves (em 2003).
“No caso de Jaelson, mesmo com a prisão do suposto executor do assassinato, é preciso que continuemos mobilizados exigindo a punição dos mandantes de sua morte”, disse Margarida, trazendo o desdobramento do caso que, após diversas mobilizações, fez com que o suposto executor da morte de Jaelson fosse preso quase 10 anos depois do assassinato do Sem Terra.
“As fileiras da nossa marcha contra a impunidade e a violência apontam a Reforma Agrária como caminho para solucionar esse problema ainda vivo no cotidiano dos que lutam pela terra em Alagoas e em todo o Brasil”, é o que diz José Roberto, também da direção nacional do MST. José Roberto reforça que a resposta aos ataques de violência, acobertados pela impunidade, são expressas no cotidiano da organização e da vida nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária em todo o estado.
“Nossa resistência a violência do Estado, seja na negação das políticas públicas para as nossas áreas ou as ameaças de despejo, nossa produção de alimentos saudáveis nos acampamentos e assentamentos, luta por educação, saúde, moradia e garantia de condições de vida digna aos homens e mulheres que vivem no campo, são respostas concretas aos que querem acabar com a nossa luta, ameaçando e tirando a vida dos nossos companheiros e companheiras”, explicou o dirigente.
“Queremos que a terra seja espaço para a vida e não espaço de escravidão, morte, injustiça, exploração e violência, e só a Reforma Agrária possibilita essa mudança. Por isso seguimos em marcha e em luta”. Além das ações em Maribondo, durante o período da tarde os Sem Terra realizam na cidade de Atalaia um grande ato público, reunindo parceiros e parceiras da luta pela terra e uma celebração ecumênica em memória de Jaelson e dos lutadores Sem Terra assassinados em Alagoas.