O depoimento do réu Agnaldo Lopes de Vasconcelos marcou o reinício da sessão do júri, na tarde desta segunda-feira, 4. O juiz Anderson Passos interrogou o réu e ele repetiu a versão de que primeiro os policiais teriam se identificado como vigilante do condomínio, o que ele sabia que não existia. Agnaldo garantiu que não sabia que se tratava de policiais militares e não efetuou o disparo para matar o capitão da Polícia Militar, Rodrigo Rodrigues. Emocionado, o réu pediu perdão aos familiares da vítima.
O mais surpreendente no depoimento de Agnaldo foram as acusações contra os policiais militares que o prenderam. Segundo o réu, após atirar contra o capitão Rodrigues, ele foi até a casa da namorada, de endereço não especificado, onde ficou aguardando os policiais para ser preso. Ele conta que ao ser detido foi algemado a uma cadeira e um dos militares amarrou, em suas pernas, um cabo de ventilador e depois ligou na tomada. Além disso, ele afirma que foi vítima de tortura ao ser submetido a uma série de maus tratos: mata-leão, sacola plástica na cabeça, choques de tasers.
Segundo Agnaldo, os militares exigiam que ele apresentasse imagens do circuito de câmeras de sua residência, que na ocasião, estavam desligadas. O réu afirmou em depoimento que tentou explicar o não funcionamento das câmeras porque estavam quebradas e que estavam para ser substituídas. “Quanto mais eu dizia que não tinha as imagens, mais eu apanhava”, disse. “Depois outros militares chegaram e disseram para os que estavam lá que me conheciam. Que sabiam que eu [Agnaldo] não era ladrão. Mas ainda assim a tortura continuou. Somente depois de um longo tempo um militar do Bope chegou e disse que tinha ordem de me levar até o Code”, reforçou o réu.
Ainda conforme relato do réu, somente depois que chegou ao Code tomou conhecimento de que todo o ocorrido teria se dado em função de uma suspeita de roubo de celular. Lá teriam lhe informado que o rastreador apontou a Casa C7, no entanto, ele reside na C6.
Em vários momentos do depoimento houve manifestação por parte de familiares da vítima. O juiz Anderson Passos alertou aos participantes que caso seja recorrente, ordenará que se retirem do salão.
As acusações de agressão e tortura serão repassadas ao Ministério Público Estadual para a devida apuração.
Matéria atualizada às 16h54.