“Não sabia que era um PM”, diz acusado de matar militar

Agnaldo Vasconcelos denunciou os policiais que o prenderam por tortura

João Urtiga / AL24HorasAgnaldo Vasconcelos é julgado no Fórum do Barro Duro

Agnaldo Vasconcelos é julgado no Fórum do Barro Duro

O depoimento do réu Agnaldo Lopes de Vasconcelos marcou o reinício da sessão do júri, na tarde desta segunda-feira, 4. O juiz Anderson Passos interrogou o réu e ele repetiu a versão de que primeiro os policiais teriam se identificado como vigilante do condomínio, o que ele sabia que não existia. Agnaldo garantiu que não sabia que se tratava de policiais militares e não efetuou o disparo para matar o capitão da Polícia Militar, Rodrigo Rodrigues. Emocionado, o réu pediu perdão aos familiares da vítima.

João Urtiga / AL24HorasO juiz Anderson Passos interrogou o réu.

O juiz Anderson Passos interrogou o réu.

O mais surpreendente no depoimento de Agnaldo foram as acusações contra os policiais militares que o prenderam. Segundo o réu, após atirar contra o capitão Rodrigues, ele foi até a casa da namorada, de endereço não especificado, onde ficou aguardando os policiais para ser preso. Ele conta que ao ser detido foi algemado a uma cadeira e um dos militares amarrou, em suas pernas, um cabo de ventilador e depois ligou na tomada. Além disso, ele afirma que foi vítima de tortura ao ser submetido a uma série de maus tratos: mata-leão, sacola plástica na cabeça, choques de tasers.

João Urtiga / AL24HorasParantes e amigos do réu e da vítima lotaram a plateia do auditório para acompanhar o julgamento.

Parantes e amigos do réu e da vítima lotaram a plateia do auditório para acompanhar o julgamento.

Segundo Agnaldo, os militares exigiam que ele apresentasse imagens do circuito de câmeras de sua residência, que na ocasião, estavam desligadas. O réu afirmou em depoimento que tentou explicar o não funcionamento das câmeras porque estavam quebradas e que estavam para ser substituídas.  “Quanto mais eu dizia que não tinha as imagens, mais eu apanhava”, disse. “Depois outros militares chegaram e disseram para os que estavam lá que me conheciam. Que sabiam que eu [Agnaldo] não era ladrão. Mas ainda assim a tortura continuou. Somente depois de um longo tempo um militar do Bope chegou e disse que tinha ordem de me levar até o Code”, reforçou o réu.

João Urtiga / AL24HorasO réu se emocionou em vários momentos durantes seu depoimento.

O réu se emocionou em vários momentos durante seu depoimento.

Ainda conforme relato do réu, somente depois que chegou ao Code tomou conhecimento de que todo o ocorrido teria se dado em função de uma suspeita de roubo de celular. Lá teriam lhe informado que o rastreador apontou a Casa C7, no entanto, ele reside na C6.

Em vários momentos do depoimento houve manifestação por parte de familiares da vítima. O juiz Anderson Passos alertou aos participantes que caso seja recorrente, ordenará que se retirem do salão.

As acusações de agressão e tortura serão repassadas ao Ministério Público Estadual para a devida apuração.

Matéria atualizada às 16h54.

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