Ex-prefeito de Marechal é visto pela PF como “profissional da lavagem de dinheiro”

João Urtiga / Alagoas 24 HorasDelegado Márcio

Delegado Márcio Tenório

A Polícia Federal (PF) esclareceu em entrevista coletiva os detalhes da Operação Kali, desencadeada na manhã desta terça-feira (5) em Maceió e nos municípios de Palmeira dos Índios e Pão de Açúcar, no interior de Alagoas e também, em Nova Olinda, no Maranhão. De acordo com o delegado Márcio Tenório, coordenador da operação, o líder da organização criminosa, o ex-prefeito de Marechal Deodoro – Christiano Matheus – desviou mais de 6 milhões de reais de verbas federais do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

O delegado disse ainda que essa é considerada uma das mais complexas investigações que já participou por causa da quantidade de laranjas que o ex-prefeito usou para, segundo ele, dificultar as investigações.

“Tem sido uma das investigações mais complexas por causa da quantidade de laranjas e a cara de pau do ex-prefeito. Ele é considerado um profissional da lavagem de dinheiro”, afirmou.

A PF informou ainda que pediu as prisões do ex-prefeito de Marechal Deodoro e de mais 13 pessoas ligadas a eles – sendo estas cinco preventivas e nove temporárias – além de 25 mandados de busca e apreensão já realizados. Porém, a justiça não achou necessárias os cumprimentos de mandados de prisão.

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O superintendente da PF, Bernardo Gonçalves, afirmou ainda que estão sendo investigados vários pagamentos realizados por Christiano Matheus em dinheiro vivo que teriam sido utilizados dinheiro público. Entre os serviços que teriam sido pagos pelo ex-gestor estão o parto de uma das ex-mulher do ex-prefeito e o pagamento do orçamento de móveis planejados.

Na operação da manhã de hoje foram apreendidos 297 mil reais, 5 mil dólares e 14 mil euros apreendidos na casa da dona da construtora que pagou por uma reforma no apartamento do ex-prefeito em 2014 no valor de 104 mil reais.

João Urtiga / Alagoas 24 HorasSuperintendente da PF, Bernardo Gonçalves (centro) e os delegados Daniel Silveste (à esq) e Márcio Tenório (à dir)

Superintendente da PF, Bernardo Gonçalves (centro) e os delegados Daniel Silveste (à esq) e Márcio Tenório (à dir)

Esquema

O superintendente da PF em Alagoas, Bernardo Gonçalves, detalhou parte do esquema adotado por Christiano Matheus nas irregularidades apontadas nas investigações federais.

O motorista do ex-prefeito recebeu salários da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult), que tem como gestora da pasta a ex-mulher de Christiano Matheus, Melina Freitas. Além disso, o funcionário do ex-gestor teria em seu nome um imóvel que teria sido repassado por diversas vezes a outros indivíduos.

“O motorista tinha em seu nome uma sala comercial localizada no edifício Terra Brasilis, no Centro de Maceió e, segundo ele, não sabia que tinha isso em seu nome. Em 2012, a sala foi adquirida em nome do motorista. Em seguida trocada por outra sala no mesmo prédio. Essa nova sala foi colocada em nome a uma outra laranja que depois repassou para o ex-motorista. O ex-motorista passou a sala para um amigo do ex-prefeito que é proprietário atual da sala e de um apartamento” explicou o superintendente.

Ainda de acordo com Bernardo Gonçalves “Alguns amigos do Christiano Mateus ficaram ricos da noite pro dia. Um deles adquiriu uma frota de 20 veículos de grande porte e conseguiu concessões junto a Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsal) para operar em cidades do interior de Alagoas.

Bernardo finalizou ainda afirmando que a organização criminosa tentou por vários momentos obstruir as investigações da PF.

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