O promotor encontrado morto ao lado da mulher, nesta terça-feira, na Barra da Tijuca, era defensor de uma Justiça rigorosa e punitiva, apoiava políticos conservadores e amava motocicletas e tatuagens. Uma varredura nas redes sociais de Marcus Vinícius da Costa Moraes Leite mostra que ele costumava curtir publicações de apoio à aplicação de um direito penal rígido. O promotor também aparece sorridente em fotos no perfil da mulher, Luciana Alves, achada morta ao lado dele.
“O presídio está lotado? F***-se. É só não estuprar, não sequestrar, não praticar latrocínio que tu não vai para lá p****”, lê-se em uma publicação curtida pelo promotor, postada pela página “Bolsonaro Opressor 2.0”, em janeiro do ano passado. Em outra postagem, de abril de 2014, Moraes Leite comentou que Jair Bolsonaro “é o cara”.
Marcus Vinicius foi achado morto junto com sua mulher em um apartamento na Barra. Os dois tinham marcas de tiros, e uma arma foi encontrada no local, onde não havia sinais de arrombamento. Segundo a Delegacia de Homicídios (DH), as características encontradas apontam para homicídio seguido de suicídio. Não estão descartadas, porém, outras hipóteses.
No ano passado, Moraes Leite causou polêmica ao usar o termo “índios” como xingamento durante uma audiência pública promovida pelo Ministério Público do Rio. No evento, moradores de comunidades e policiais discutiam sobre segurança pública. Temas como a violência contra inocentes e a saúde dos agentes resultaram no acirramento de ânimos na reunião. Quando um dos participantes opinou que “os bandidos possuíam direitos demais”, houve vaias e aplausos.
“Não tem respeito, só tem índio nessa porra!”, gritou o promotor na tentativa de retomar o silêncio no recinto. Ele foi confrontado por representantes das comunidades, e a segurança do evento foi acionada para evitar troca de socos, segundo o site especializado “Conjur”. O portal diz que, à época, ele não se manifestou sobre a acusação de discriminação.
Em junho de 2016, ele curtiu uma postagem de uma página de apoio à jurista Janaína Paschoal, conhecida por assinar o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A publicação, que reproduz uma declaração de Janaína, critica o abuso de autoridade e ressalta que este comportamento é o motivo pelo qual “o país está desse jeito”.
Na maior parte das fotos abertas ao público no Facebook, o promotor mostra o seu amor por motocicletas e por tatuagens. Doze de seus grupos na rede social aludiam à venda e ao debate de amantes de veículos Harley-Davidson. Ele curtia fotos de amigos com o conservador Bolsonaro e posts de uma loja especializada em produtos militares.
A última movimentação em seu perfil foi em outubro do ano passado. Mas o promotor chegou a curtir a última foto da mulher, Luciana Alves, em 7 de janeiro, quando ela posou na piscina de um hotel no México. Embora não publicasse imagens com a companheira, Moraes Leite era figura constante nas redes dela. Até novembro, os dois posavam sorridentes em eventos de moto e em celebrações pessoais.