Um adolescente de 17 anos foi agredido e ameaçado por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e outra guarnição da PM, durante o desfile de blocos nas prévias carnavalescas de Maceió, no último sábado (3). A denúncia é da mãe do rapaz, Juliana Andrade de Omena, que procurou o Alagoas 24 Horas para contar os maus-tratos sofridos pelo filho.
Em seu relato, Juliana explica que é moradora de um prédio no bairro da Ponta Verde e que o filho estava junto com dois amigos vendo as movimentações dos blocos que passavam em frente a sua casa, por volta das 18h. Na ocasião, policiais do Bope, enfileirados, passaram com truculência desferindo golpes de cassetetes em quem estivesse pela frente, atingindo seu filho, que foi algemado e agredido outras vezes por policiais militares de outra guarnição.
O adolescente, que estaria de costas quando foi atingido por um dos golpes, teria exclamado: “Oxê!”, por não entender o que estava acontecendo. Neste momento, os policiais teriam se incomodado com a atitude do rapaz, colocaram-no de joelhos, algemaram e levaram até uma tenda de apoio da Polícia Militar.
“Na tenda, as agressões contra o meu filho continuaram, mas dessa vez por policiais militares que chutaram e deram socos nas costas, tórax e rosto dele, por cerca de 40 minutos, até ele perder a consciência e ser colocado em um camburão, lotado, do qual só foi retirado horas depois”, explicou a mãe.
Ainda segundo a denúncia, os policiais teriam pressionado o rapaz para não dizer quem o agrediu. “Os policiais perguntaram quem fez aquilo com ele e quando ele disse que tinha sido outros policiais, eles teriam engrossado a voz e dito que ele não estava entendendo as coisas direito e que era para levá-lo de volta ao camburão. Aí meu filho disse que não, que tinha sido alguns ‘caras’ que tinham passado e só assim ele foi liberado, mais de duas horas depois”, explicou a mãe, indignada.
A mãe conta que o filho ficou muito abalado com o episódio e que chora bastante, sem entender os motivos que levaram as atitudes truculentas dos policiais. “Quando meu filho chegou em casa e contou o que houve, imediatamente nós fomos à delegacia registrar o boletim de ocorrência e tentar fazer o exame de corpo de delito no IML [Instituto Médico Legal], mas não conseguimos naquele dia, pois estava fechado. Depois disso levamos ele para o hospital para ser atendido. Ele disse que em nenhum momento ninguém perguntou seu nome, pediu seus documentos ou explicou para onde ou os motivos pelos quais ele estava sendo algemado e detido”, relatou.
A mãe disse que o Boletim de Ocorrência do caso foi registrado no Complexo de Delegacias Especializadas (Code) e que o garoto será submetido ao exame no IML, nesta segunda-feira, 5, e que após o atendimento deverá ir até o 2º Distrito Policial (2º DP), no bairro da Jatiúca, solicitar as imagens do sistema de monitoramento do local.
“Estamos seguindo todas as orientações que nos foram dadas. Depois de conseguir as imagens, vamos juntá-las ao resultado dos exames médicos de emergência e de corpo de delito, para acionar a Justiça e a Corregedoria da PM”.
“Meu filho chora ao lembrar do que houve, está cheio de hematomas e sente dor pelo corpo. Mas a situação que mais preocupa é a do olho dele. Vamos ter que fazer outros exames para saber o grau da lesão que ele sofreu. Minha prioridade agora é cuidar da saúde física e psicológica dele, mas não podemos deixar isso passar impune. Do mesmo jeito que foi com meu filho, poderia ser com o filho de qualquer um. Eu não quero que nenhuma mãe tenha que ver seu filho do jeito que eu vi o meu”, finalizou.
A mãe garante que a vítima nunca se envolveu em confusão e que possui comportamento pacato. Recentemente ele foi aprovado no curso de Meteorologia, na Ufal, pelo Enem.
O Alagoas 24 Horas entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar de Alagoas (PM) para saber a versão da instituição para o caso. A assessoria disse que não foi comunicada oficialmente sobre o caso, mas reiterou que após a formalização da denúncia irá acionar a Corregedoria para que os procedimentos cabíveis sejam tomados e o caso seja investigado.