Seja pela desatenção dos motoristas ou o desrespeito às leis de trânsito, os acidentes em ruas, avenidas e rodovias acontecem todos os dias e, inevitavelmente, existem vitimas que precisam de socorro por causa dessas colisões. Em razão dessas ocorrências, o Serviço de atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas foi acionado 7.809 vezes durante o ano de 2017, sendo 2.308 somente em Maceió.
Dados do Setor de Estatística do Samu Maceió apontou que os principais bairros da capital alagoana onde ocorreram mais acidentes de trânsito foram o Tabuleiro do Martins (294), Benedito Bentes (147), Farol (114) e o Jacintinho (127). Já as principais vias de deslocamento utilizadas pelos maceioenses, a Avenida Fernandes Lima, Durval de Góes Monteiro e Menino Marcelo, registram, respectivamente, 57, 69 e 95 chamadas decorrentes de acidentes. Na parte baixa da cidade, o destaque negativo ficou com o bairro de Mangabeiras, com 73 ocorrências.
Quem faz parte dessa estatística é o professor aposentado Geraldo da Silva, 63 anos, que resolveu voltar a trabalhar como mototaxista. Com menos de quatro meses na nova profissão, sofreu um acidente quando estava indo buscar um cliente no bairro de Mangabeiras e foi “fechado” por um carro enquanto percorria a Avenida Leste-Oeste. “Na descida da avenida, eu estava emparelhado com um carro, obedecendo o limite de velocidade, quando de repente surgiu um outro veículo e me trancou. Com isso, o guidom da motocicleta ficou preso no retrovisor esquerdo do automóvel e acabei caindo e sendo arrastado alguns metros”, contou o aposentado.
O acidente aconteceu em dezembro do ano passado, mas, ainda é possível ver as cicatrizes deixadas como resultado dessa queda, principalmente no lado esquerdo do corpo, na região do braço e perna, além de duas costelas quebradas, que acabaram perfurando o pulmão. Muitos motociclistas pararam para ajudar, ligaram para o Samu, e retiraram Geraldo do asfalto quente para a calçada, enquanto esperava a Unidade de Suporte Básico (USB) chegar ao local.
“Quando a equipe do Samu chegou, primeiramente me avaliaram e encaminharam para o Hospital Geral do Estado (HGE). Após os exames, detectaram que tinha entrado muito sangue no pulmão perfurado, então foi necessário colocar um dreno para a retirada o liquido. Depois disso fui transferido para o hospital Sanatório, onde fique 19 dias internado até receber alta e voltar para casa”, lembrou o agora ex-mototaxista.
Geraldo da Silva ainda sente dores e, aos poucos, está se recuperando do acidente. Segundo os médicos, com relação às fraturas nas costelas, ele só deve se recuperar dentro de seis meses.O acidente que o aposentado sofreu, envolvendo carro e moto, em 2017, foi a ocorrência mais atendida pelos profissionais do Samu, totalizando 949 socorros.
Ajudando uma vítima do trânsito – Mesmo com a boa intenção da população em reduzir o sofrimento da vítima, retirar o aposentado do local do acidente, sem nenhuma noção de primeiros socorros, poderia ter agravado o quadro de saúde do paciente. Essa atitude não é recomendada pelos profissionais de saúde do Samu.
De acordo com Maxwell Padilha, coordenador médico do Samu Maceió, em qualquer tipo de acidente de trânsito, é importante pedir calma para as vítimas envolvidas na situação e mexer o mínimo possível nos pacientes. “Ao presenciar um acidente de moto, a população deve ligar imediatamente para o 192 e, caso não tenha noções de primeiros socorros, não mexer na vítima e nem removê-lo do local. Caso contrário, aconselhamos segurar a cabeça do motociclista para a estabilização da coluna cervical”, recomendou.
Segundo Maxwell Padilha, “em hipótese alguma o capacete deve ser retirado, pois existe uma técnica apropriada para isso. Caso ela seja feita de maneira errada, pode gerar graves problemas, que podem deixar a vítima paraplégica ou até mesmo tetraplégica. Em situações onde o Sol estiver muito forte, pedimos que seja utilizada uma sombrinha ou até mesmo um pedaço de papelão para proteger o motociclista, enquanto esperam pela ambulância do Samu”, orientou o coordenador.
Além de acionar o Samu, também é necessário entrar em contato com os órgãos de trânsito e sinalizar a via para não acontecer atropelamentos ou novas colisões. “Quando a vítima estiver no interior de um carro, o melhor a se fazer é não mexer na pessoa, e não deixá-la sair do veículo. Para esses casos, os profissionais do Samu utilizam de vários equipamentos para remoção, a exemplo de maca, colar cervical e o K.E.D., dispositivo utilizado nessas situações”, explicou Maxwell Padilha, salientando que, “populares só podem retirar a vítima do carro, caso ele esteja pegando fogo”.
Acidentes de trânsito em 2018 – Nos dois primeiros meses de 2018, o Samu Alagoas já atendeu 1.302 casos de acidentes de trânsito. Os profissionais da Central Maceió foram acionados 738 vezes e os da Central Arapiraca realizaram 564 atendimentos.