Um dos professores presos em Brasília durante a operação Magister, nesta quarta-feira (28), tinha apenas segundo grau completo – e não nível superior, como exigia o edital.
A Polícia Civil informou que, em depoimento, o suspeito disse ter pago R$ 50 mil para passar no concurso, na época da prova. Agora, ele dizia ser procurado pela organização criminosa para pagar a parcela que falta, de mais R$ 50 mil.
Outros investigados disseram ter preenchido “poucas questões e algumas linhas da redação”. O cartão de resposta, então, foi completado pelos integrantes da quadrilha. Alguns chegaram a utilizar uma caneta especial no dia da prova. A tinta, depois, foi apagada com o calor do fogão para que as respostas do gabarito oficial fossem copiadas. Alguns professores nem sequer sabiam português.
Os investigados são sete professores e dois técnicos que assumiram cargos na Secretaria de Educação do DF depois de comprar as provas do concurso. Eles foram presos durante a operação Magister, terceira fase da operação Panoptes, que investiga a chamada “máfia dos concursos”.
Liberados pela polícia
Todos os nove presos de forma temporária foram liberados. Os últimos quatro saíram da carceragem do Departamento de Polícia Especializada à 0h deste sábado (31). Os outros cinco, que já tinham confessado, também responderão em liberdade.
Após essa ocorrência, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) melhorou a segurança das provas. “O preechimento posterior já não é mais possível porque atualmente o Cebraspe, ao receber uma prova que está apenas preenchida com alguns itens, certifica naquele momento que a prova não está concluída”, afirmou o delegado Adriano Valente, da Coordenação de Repressão ao Crime Organizado (Cecor).
Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Educação informou que abriu processo administrativo para afastar de forma preventiva os servidores envolvidos no crime.
Investigação continua
Segundo a Cecor, que conduz as investigações, o grupo criminoso cobrava cerca de 20 vezes o valor do salário que os “candidatos” ganhariam como professores, por exemplo.
O esquema seria liderado por Hélio Ortiz, preso preventivamente na primeira fase da Panoptes, ao lado de Antônio Alves Filho e de Ricardo Silva do Nascimento. Este último era funcionário da banca examinadora Cebraspe (antigo Cespe) e, segundo a polícia, responsável por identificar as provas marcadas e preencher os gabaritos.