Hoje, 7 de abril, é comemorado o dia do Jornalista, a profissão que informa, une mundos diferentes, conta histórias de pessoas de cada canto. Histórias como a de Nathalia Santos. Cega de nascença, a carioca cresceu vendo o mundo entre formas e vultos, em apenas três cores. Aos 15 anos, deixou de enxergar totalmente, mas não perdeu de vista seus sonhos. Hoje, aos 25, tem muitos motivos para comemorar a formatura em Jornalismo.
“Vai ter mulher, negra, favelada, cega e jornalista, sim! ”, anunciou em suas redes sociais com a foto da cerimônia de colação de grau. A ex-integrante do ‘Esquenta’ conta como foi sua trajetória. Antes de fazer o Jornalismo, ela fez um curso Técnico em Administração, mas não teve oportunidade para estagiar por conta da sua deficiência visual, o que acabou a desestimulando. O estímulo para voltar a estudar veio de uma produtora do programa comandado por Regina Casé, que elogiou sua postura e desenvoltura ao falar.
“Quando comecei a trabalhar no “Esquenta”, no finalzinho de 2012, a Cláudia Costa, que era figurinista do programa, me falou: ah, por que você não faz Jornalismo? Tem tudo a ver com você. Foi um start. Eu sempre brincava, quando criança, de ser apresentadora do Jornal Nacional ou Fantástico, sempre fui apaixonada pelas pessoas. Então, eu entrevistava, contava histórias e escrevia um texto para cada pessoa que conhecia”, relembra.
A decisão de investir em uma graduação não foi fácil. E não é até hoje, já que o sonho da Nathalia é atuar em televisão. “É meio impactante para a sociedade que um deficiente visual queira trabalhar com produto audiovisual? Para mim, não há problema algum. Estou preparada para exercer a profissão; o problema são as pessoas enxergarem isso porque elas acabam te julgando pela condição física e não por sua capacidade”.
Além do despreparo de alguns professores e instituição de ensino para lidar com alunos com necessidades especiais, Nathalia teve que enfrentar, muitas vezes, a resistência dos colegas. “A faculdade não tem material didático adaptado. Existe também o preconceito. A partir do momento em que você tem uma aula modificada por conta da dificuldade de um determinado aluno, nem sempre todos compreendem e aceitam. Isso foi muito marcante”, comenta.
As dificuldades não deixaram a Jornalista se abalar. Foi preciso resistir ao sistema, levantar a cabeça, acreditar na capacidade e assim vislumbrar o sonhado horizonte. “A fé em Deus e o apoio da minha família foi essencial”, reconhece agradecida a primeira integrante da família a conquistar a graduação superior. “Essa vitória não é só minha, é uma vitória dos meus pais, meus irmãos e meus tios. É motivo de orgulho para todo mundo. A oportunidade que meus pais não tiveram, eles buscaram me dar. Para nós este momento é um divisor de águas.
Nathalia ainda não sabe o que o futuro a espera. Dos sonhos, ela tem convicção: quer ser bem-sucedida profissionalmente. Ela já está mandando sua mensagem de superação. Criou um Canal no YouTube intitulado “Como Assim Cega? ” Com o objetivo de compartilhar as experiências e dificuldades enfrentadas por deficientes visuais, ajudar outras pessoas com a divulgação de informações e dicas simples e úteis para o dia a dia.
O Educa Mais Brasil, maior programa de inclusão educacional do país, compartilha histórias inspiradoras como a da Nathalia. Milhares de jovens sonham em estar matriculados em um curso de graduação. Muitos não sabem que podem contar com bolsas de estudo de até 70% para frequentar faculdades e universidades. Quer saber como? Clique aqui. A inscrição é gratuita.