Crise no mercado de trabalho faz renda do brasileiro encolher em 2017, aponta IBGE

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A crise no mercado de trabalho fez a renda do brasileiro encolher em 2017. Em média, a população perdeu R$ 12 no rendimento mensal real na comparação com o ano anterior – passou de R$ 2.124 para R$ 2.112, o que representa uma queda de 0,56%. Já o rendimento proveniente do trabalho caiu R$ 31 no mesmo período – de R$ 2.268 de R$ 2.237, um redução de 1,36%. É o que aponta um levantamento divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Com base na Pesquisa Mensal por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o instituto constatou que 60,2% da população – o equivalente a 124,6 milhões de pessoas – tinham algum tipo de rendimento em 2017.

Dentre a população que tinha rendimento, 41,9% o recebia do trabalho e 24,1% de outras fontes – estas se dividem em aposentadoria ou pensão (14,1%); aluguel e arrendamento (1,9%); pensão alimentícia ou doação (2,4%) e outros rendimentos (7,5%), categoria que inclui, por exemplo, seguro-desemprego, programas sociais como o Bolsa Família e poupança.

As outras fontes de rendimento distintas do trabalho tiveram um acréscimo de R$ 32, passando de R$ 1.350 para R$ 1.382, um aumento de 2,37%.

Dentre estas outras fontes de renda, a mais frequente entre a população é a de aposentadorias ou pensões, que teve acréscimo médio de R$ 32 na passagem de 2016 para 2017 – um aumento de 1,27%.

O gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, afirmou, no entanto, que a variação dos valores de cada uma das fontes de renda não foi estatisticamente relevante.

“O IBGE desenvolveu uma metodologia que aponta de maneira efetiva se essa variação é significativa ou não, e não foi”, afirmou o pesquisador.

Sudeste puxou redução na renda do trabalho
Considerando apenas a população que tinha renda proveniente do trabalho, o rendimento médio no Brasil ficou R$ 45 abaixo de 2017. Analisando regionalmente, porém, apenas o Sudeste teve queda neste rendimento – passou de R$ 2.625 para R$ 2.425, uma queda de R$ 200.

Em todas as demais regiões houve aumento do valor médio recebido pela população ocupada. A Centro-Oeste foi a que teve o maior aumento real, de R$ 91, seguida pelo Sul (R$ 28), Nordeste (R$ 25) e Norte (R$ 18).

Azeredo lembrou que a região Sudeste foi a que registrou a maior perda de postos de trabalho ao longo do ano. “Vale lembrar que no Rio de Janeiro, por exemplo, eram postos no setor de petróleo, que tem salários altos”, apontou.

Já a situação no Centro-Oeste, segundo o pesquisador, às características de emprego do Distrito Federal. “A maior parte dos trabalhadores de lá está no funcionalismo público, e funcionários públicos não perdem rendimento de trabalho”, explicou.

10% da população concentrou 43% dos rendimentos
A soma dos rendimentos recebidos por todos os brasileiros em 2017 foi de R$ 263,1 bilhões por mês, em média. Desse montante, 43,3% estava concentrado nas mãos de 10% da população do país. Já a parcela dos 10% das pessoas com os menores rendimentos detinha apenas 0,7% da massa.

Essa concentração de renda não variou significativamente em relação a 2016, o que fez com que o índice de Gini – indicador que mostra o nível de desigualdade de renda de um país – se mantivesse em 0,549.

“O grande destaque dessa divulgação é que o Brasil continua um país desigual. Ela evidencia que a desigualdade persiste e que ela não reduz”, enfatizou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo.
No Nordeste, o índice de Gini aumentou de 0,555 para 0,567 na variaçao anual, enquanto no Sudeste ele recuou de 0,535 para 0,529. O indicador aponta que quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade de renda.

Embora afirme que as variações do Gini regional não tenham tido relevância estatística, Azeredo avaliou que no Sudeste o indicador caiu porque “a população do extrato de renda mais alta foi a que mais perdeu rendimento”, enquanto no Nordeste, onde o índice aumentou, “quem estava embaixo caiu um degrau a mais”, ficando ainda mais distante dos que ganham mais.

1% mais rico ganha 36x mais que os 50% mais pobres
Ao analisar a diferença na concentração de renda, o IBGE apontou as pessoas que faziam parte do 1% da população com os maiores rendimentos (R$ 27.213 mensais em média) ganhavam, em média, 36,1 vezes mais que a metade da população que detinha os menores rendimentos (R$ 754). No ano anterior, este grupo de 1% com maiores rendimentos ganhavam 36,3 vezes a média dos 50% com rendimentos mais baixos.

A região Sul foi a que apresentou a menor distância entre estes dois grupos – o 1% mais rico ganhava em média 25 vezes o montante recebido pelos mais pobres -, enquanto no Nordeste foi observada a maior distância entre eles, de 44,9 vezes.

Segundo a pesquisa, o grupo dos 50% da população com menores rendimentos recebia no Sul do país, em média, R$ 974, mais que o dobro do valor recebido pelo mesmo grupo do Nordeste, que foi de R$ 487.

“Para mudar essa situação o país tem que gerar emprego, emprego decente, promover a educação para todos. Tem que fazer uma série de coisas que já sabemos serem necessárias”, avaliou o pesquisador do IBGE.

Proporção de domicílios com Bolsa Família cai
A pesquisa mostra ainda que em 2017, 13,7% dos domicílios brasileiros recebiam dinheiro referente ao Programa Bolsa Família, percentual menor que a fatia de 14,3% registrada em 2016. As regiões Norte (25,8%) e Nordeste (28,4%) apresentaram os maiores percentuais.

O rendimento médio mensal per capita nos domicílios que recebiam o Bolsa Família foi de R$ 324 e naqueles que não recebiam foi de R$ 1.489, segundo o IBGE.

Fonte: G1

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