Quadrilha do Novo Cangaço é desarticulada em operação integrada

João Urtiga / Alagoas24HorasEntrevista Coletiva na sede da SSP-AL

Entrevista Coletiva na sede da SSP-AL

Uma organização criminosa, ligada a uma série de assaltos e explosões de agências bancárias e carros-fortes, foi desarticulada nesta semana após operação integrada entre polícias dos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Piauí. Ao todo, 15 suspeitos foram presos e seis morreram após resistência. Os detalhes foram repassados hoje, 16, em entrevista coletiva na sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL), no Centro de Maceió.

Denominada de Entre Fronteiras (por causa da extensão geográfica das ações do grupo), a operação foi implantada após uma série de episódios ocorridos nos interiores dos quatro estados. Em Alagoas, foram atribuídos ao grupo a explosão de um carro forte em Inhapi, no início de março deste ano; as explosões de agências bancárias em Piranhas e Maribondo no inicio de abril; e a explosão do banco em Poço das Trincheiras na última quarta-feira (11).

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A quadrilha teria sido a mesma que também entrou em confronto com a PM em Piranhas, no Sertão alagoano no último dia de março de 2018 e que teria tentado roubar outro carro-forte, também em Inhapi, que acabou não se concretizando graças a reação dos agentes que faziam a guarda do dinheiro.

Ações Integradas

As primeiras prisões foram realizadas em 07 de abril, no estado de Pernambuco, quando foram presos Roque Rudson dos Santos Silva, Nilson Almeida Silva, Felipe Klinger de Almeida – ambos naturais de São Paulo – e José Maciel da Silva, natural do Ceará. Com eles foram apreendidos uma pistola .45 e uma pistola 9mm, municiadas e com carregadores sobressalentes.

Na última quinta-feira (12), no município pernambucano de Ibimirim, um confronto entre polícia e bandidos resultou na morte de quatro outros suspeitos, identificados como José Cláudio Félix de Araújo; Bruno Alan Gomes Soares, Fernando Machado Vasconcelos e Rizomar da Conceição, conhecido como “Nego Rizomar” ou “Gambá”, apontado pelas investigações como um dos líderes do Novo Cangaço e um dos nomes mais procurados no Brasil, por crimes de roubos a bancos.

Rizomar é acusado também de atirar contra o cabo Luiz Barros, do 9º Batalhão da PM/AL, no dia 31 de março deste ano, durante uma abordagem de rotina em Olho D’Água do Casado, no Sertão alagoano.

Com eles foram apreendidos uma espingarda calibre 12; um rifle calibre 44; duas pistolas .40, todas municiadas; dois relógios; quatro aparelhos celulares; 50g de maconha; três espoletadas e R$2.879,00 em dinheiro.

João Urtiga / Alagoas24HorasMaterial apreendido

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Após este confronto, parte do bando fugiu para o Sertão de Alagoas e foi interceptado pela polícia alagoana na cidade de Água Branca. Nessa ocasião foram presos Aldean Oliveira Ramos; Divo da Cruz dos Santos, conhecido como “Tinho”; e Ivo Marcelino Alves dos Santos, conhecido como “Limão”.

Um outro suspeito, identificado como José Cláudio, conhecido como “Claudinho”, e que teria estreita ligação com Rizomar, tentou fugir e se escondeu numa escola no centro do município. Durante sua captura, ele disparou contra os policiais chegando a atingir o diretor da escola – que atendendo a um pedido da polícia abriu o local – e acabou sendo morto. O diretor da escola foi socorrido e recebeu atendimento médico. Não foram passados detalhes sobre seu estado de saúde.

O último suspeito que estaria escondido na cidade foi identificado como Anderson Marinho Gomes, vulgo “Bebe Ovo”. Ele acabou morrendo em confronto com a polícia, em outro local, utilizado para esconder o material do grupo. Ele seria irmão de “Claudinho” e também era apontado como um dos principais nomes em crimes contra agências bancárias e carros-fortes no país.

João Urtiga / Alagoas24HorasMaterial apreendido

Material apreendido

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Nesta última ação foram apreendidos um fuzil modelo PA15; um fuzil modelo AM-15, ambos com carregadores sobressalentes e numeração marcada; dois carregadores de fuzil HBAR COLT; 82 munições de fuzil; 49 cartuchos de calibre 12; duas espingardas calibre 12; um fuzil calibre 5,56, com dois carregadores; um fuzil calibre 7,62; um revólver calibre 38; três balaclavas; um refil de colete balístico; uma caixa de grampos usados para bloquear rodovias; 227 cartuchos calibre 556; 230 espoletas detonadoras; cinco artefatos explosivos prontos para detonação; e 21 cartuchos de emulsão explosivas.

João Urtiga / Alagoas24HorasMaterial apreendido

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Além destes, foram presos em cumprimento a mandados de prisão emitidos pela 17ª Vara Criminal, na última sexta-feira (13) João Batista dos Santos Silva, o “João de Ciríaco”; Flávio Oliveira da Silva, conhecido como “Tota”; Jaedson da SIlva Leita, vulgo “Cafuçu”; Adeilson de Menezes Bezerra, o “Delson”, o piloto de fuga do grupo, todos presos em Mata Grande, Gilmar Ferreira da Silva, o “Dukek”, preso em Canapi; e Sidney Pereira Lima, o “Pitbull”, preso em Inhapi. Uma pistola e uma espingarda calibre 36 também foram apreendidas.

No estado do Piauí, outros dois indivíduos, um deles identificado como Geléia e o outro sem identificação confirmada, foram presos no estado do Piauí.

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Novo Cangaço

Novo Cangaço é como se denominada uma nova categoria de assaltos a bancos que vem causando terror nas cidades interioranas brasileiras. O modus operandi dos “novos cangaceiros” tem semelhança com o velho cangaço, que sitiava as cidades, principalmente as menores, organizados em bandos grandes, de 10 a 15 membros, sem receio de causar pânico nos moradores e desafiando as autoridades policiais.

Apesar da semelhança, existem diferenças. A atuação do bando de Lampião tinha a intenção de fazer ‘justiça’ a seu modo. O ‘Novo Cangaço’ já faz parte de outra conotação. Os grupos criminosos saqueiam os bancos,com interesse de recolher recursos financeiros para alimentar o próprio grupo, sendo raras vezes, também ligados a facções criminosas.

A ação policial desta sexta-feira, determinada pelo secretário de Segurança Pública, coronel Lima Júnior, foi supervisionada pelo delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, e pelo comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Marcos Sampaio, tendo apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, e do Grupamento Aéreo de Alagoas.

Os delegados alagoanos Mário Jorge Barros (gerente da Divisão Especial de Investigação e Capturas – Deic), Vinícius Ferrari (Seção Especial de Roubo a Bancos), Guilherme Iusten (Divisão Antissequestro) e Rodrigo Cavalcante (Regional de Delmiro Gouveia) coordenaram a operação, que teve ainda a participação de militares pernambucanos, comandados pelos majores Anaxmandro Tenório, Wilson e Jackson, e pelo capitão Pedro Moraes (estes dois últimos, do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (Bepi).

Também participaram, delegados da Força Tarefa de Pernambuco e da cidade de Tacaratu (PE), policiais civis do Tigre (AL), e militares do Bope e dos Batalhões de Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema (AL), e integrantes da Polícia Rodoviária Federal.

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