A proposta do presidente da Fifa, o suíço Gianni Infantino (foto), de criar um Mundial de Clubes com 24 times abre uma guerra dentro da entidade, que é obrigada a chamar uma reunião de emergência para o início de maio. Dos 24 clubes convidados, 12 viriam da Europa, contra apenas quatro vagas e meia para os sul-americanos. A proposta deixou a Conmebol irritada, já que o continente já havia alertado ao dirigente de que exigiria pelo menos seis vagas diretas para embarcar no projeto.
Mas, para Gianni Infantino, a única forma de convencer os europeus de aceitar a ideia seria a de garantir que o Mundial envolvesse um número expressivo de clubes do Velho Continente. Além disso, a renda passaria de uma previsão de US$ 1 bilhão para pelo menos US$ 3 bilhões.
Em um gesto para a América do Norte que apoiou Gianni Infantino em sua eleição em 2016, o presidente da Fifa ainda ofereceria duas vagas para a Concacaf no novo torneio. A Conmebol considera a proporção como “inaceitável”.
No início de 2017, o jornal O Estado de S.Paulo revelou os primeiros esboços do projeto. A ideia é a de substituir a Copa das Confederações pelo novo formato, disputado por clubes. O atual Mundial que é realizado uma vez a cada ano terminaria.
Se os sul-americanos não gostaram da ideia de ter uma participação reduzida, os clubes europeus já informaram à Uefa de que não vão aceitar um novo modelo de calendário internacional antes de 2024. “Depois disso, podemos pensar”, alertou um importante dirigente europeu, na condição de anonimato.
A cúpula da Uefa ainda acusa Gianni Infantino de “populismo” ao ampliar torneios apenas para atrair mais votos e apoio para uma eventual reeleição a partir de 2019. Para isso, daria ainda duas vagas para clubes africanos, dois asiáticos, dois norte-americanos, meia vaga para a Oceania e uma para o país sede.
Junto com a proposta de um Mundial de Clubes ampliado, ele também defende a ideia de uma Copa do Mundo em 2022 já com 48 seleções. A ideia também é vista pelos europeus como uma manobra para ganhar votos para sua reeleição. “Ele está comprando briga com muita gente”, alertou um dos homens forte da Uefa.
Diante da nova crise, Gianni Infantino deixou claro que quer o encontro para debater a proposta realizada por investidores e bancos para financiar um torneio mundial de clubes, em um pacote de US$ 25 bilhões.
Além disso, seria criada uma Liga Mundial de seleções. No ano passado, a reportagem revelou com exclusividade que o novo torneio seria disputado ao longo de um ano, substituindo os amistosos. O pacote faz parte dos planos de Gianni Infantino de quadruplicar a renda da Fifa, hoje exclusivamente dependente da Copa do Mundo. Mas o projeto foi recebido com hesitação, principalmente entre os europeus.
A reação contrária obrigou o chefe da Fifa a convocar para maio o encontro, em um gesto que não se via na entidade desde as prisões dos cartolas, em 2015. A ideia é a de desembarcar na Rússia, no Congresso Anual da entidade, com um acerto costurado.