Os ministros Eduardo Guardia (Fazenda) e Moreira Franco (Minas e Energia) e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, se reúnem nesta terça-feira (22) para discutir a alta da gasolina e do diesel. Na segunda-feira (21), caminhoneiros pararam o trânsito em rodovias de 20 estados e no DF contra a escalada de aumentos dos combustíveis e nesta terça-feira novos protestos são registrados no país.
Ainda na segunda, a Petrobras anunciou um novo reajuste. Os preços do diesel nas refinarias serão elevados em 0,97% e os da gasolina, em 0,9%, a partir desta terça. Só na semana passada, foram feitos 5 reajustes diários seguidos de preço nas refinarias.
“Algo é preciso ser feito, sem mudar a política de preços e prejudicar a Petrobras”, afirmou Moreira Franco ao blog do Valdo Cruz.
Impostos
O ministro disse que ainda está na mesa de negociações a possibilidade de redução da cobrança de tributos sobre os combustíveis. O peso dos impostos na composição do preço da gasolina, por exemplo, chega a 45% do valor final. “Mas ainda não há nenhuma decisão, ainda estamos avaliando o que poderá ser feito”, disse.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou na segunda que o governo federal buscará “um pouco mais de controle” para dar “previsibilidade” à alta dos combustíveis. Padilha deu a declaração pouco antes de participar de uma reunião com o presidente Michel Temer para tratar do assunto.
“Temos uma política internacional de preços que a Petrobras acompanha diariamente e isso tem dado aumento. O dólar subindo e o petróleo subindo, os dois subindo internacionalmente, por certo, tínhamos que ter um aumento nos combustíveis”, afirmou o ministro.
“O que vamos tentar agora é que vamos ver se encontramos um ponto para que possa ter um pouco mais de controle deste processo, para que os maiores interessados, o cidadão brasileiro e também os transportadores, possam ter previsibilidade em relação ao que vai acontecer”, completou Padilha.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, reafirmou, entretanto, que não há espaço para reduzir tributação sobre combustíveis nesse momento.
Reajustes
A Petrobras adota um novo formato na política de ajuste de preços desde 3 de julho do ano passado. Pela metodologia, os reajustes acontecem com maior frequência, inclusive diariamente. Na semana passada, por exemplo, foram 5 reajustes diários seguidos. No acumulado somente da semana passada, a alta chegou a 6,98% nos preços da gasolina e de 5,98%, no diesel.
Desde julho de 2017, o preço da gasolina comercializada nas refinarias acumula alta de 58,76% e o do diesel, de 59,32%, segundo o Valor Online.
Sobre os protestos dos caminhoneiros, o chefe da Casa Civil afirmou: “Nós vamos ter algo a dizer aos caminhoneiros, sem dúvida nenhuma. Temos que trabalhar com a realidade, mas temos que ter uma resposta ao movimento”.
Segundo o ministro, Temer manifestou “interesse” em resolver a situação dos caminhoneiros, acrescentando que o governo quer ver se terá as “condições” de fazer com que o aumento do preço do combustível seja “previsível”.
Em comunicado divulgado na sexta-feira (18), a Petrobras voltou a justificar os reajustes diários, afirmando que os combustíveis derivados de petróleo são commodities, que os o preços estão “atrelados aos mercados internacionais”. Nesta segunda-feira, o barril de petróleo no EUA atingiu o maior valor desde novembro de 2014, e encerrou a US$ 72,24.
“A exemplo da soja, do trigo, do aço, entre outras commodities, suas cotações variam diariamente. Do mesmo modo, o câmbio também tem ajustes diários. Assim, a Petrobras não tem o poder de formar esses preços. O que a companhia faz é refletir essa variação de preço do mercado internacional”, informou. “As revisões de preços feitas pela Petrobras podem ou não se refletir no preço final ao consumidor. Como a legislação brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, a mudança no preço final dependerá de repasses feitos por outros integrantes da cadeia de combustíveis”, acrescentou.
Impacto no preço cobrado nos postos
Na semana passada, o preço médio da gasolina nos postos do país atingiu novas máximas no ano, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O preço médio do litro de gasolina para os consumidores ficou em R$ 4,284, ante R$ 4,257 na semana anterior. Com o novo aumento, a gasolina acumula alta de 4,51% desde o início do ano. Desde julho do ano passado, a alta é de mais de 22%.
O valor do diesel também terminou a semana em alta. Segundo a ANP, o valor médio por litro passou para R$ 3,595, acumulando avanço de 8% no ano e de 21,5% desde julho do ano passado.