Cada técnico sabe onde seu calo aperta. Joachim Löw, à frente da Alemanha, impôs a abstinência sexual aos seus jogadores, de olho no quinto título mundial. Tite, pelas bandas da CBF, resolveu fazer diferente, não ser tão duro com a seleção brasileira. As relações estão liberadas nas folgas. Até agora foram dois períodos de descanso, desde que os jogadores começaram a se apresentar na Granja Comary, sempre depois de uma semana de trabalho. Neles, o amor esteve no ar.
Ainda não há uma programação exata de quantos dias fora da concentração os jogadores terão direito durante a Copa do Mundo. A folga da última segunda-feira, por exemplo, só começou a ser desenhada no fim de semana. O que já está definido é o que eles podem fazer durante esse período. Em termos de sexo, não há restrições. O médico Rodrigo Lasmar, entre um leve sorriso envergonhado, garantiu que a questão não é vista como delicada dentro da seleção.
– Acho que isso não pode ser encarado como tabu. Sexo é natural, faz parte, são jovens jogadores, com saúde perfeita – lembrou o médico da seleção: – Nada mais natural que eles façam no seu momento de folga, que tenham a folga no ponto de vista físico, na questão mental, da pressão que existe dentro de uma preparação para a Copa do Mundo. Para nós, não será nenhum problema.
Nos períodos de concentração, a regra é clara: amor, somente o fraternal. Os jogadores são proibidos de levar parceiras ou parceiros para os quartos, não importam onde estejam. Nos hoteis onde a seleção ficará hospedada haverá espaços reservados para os encontros com familiares e amigos. Mas a intimidade nesses casos não deve passar daquela que se costuma ter em público.
Na última folga, os jogadores usaram as redes sociais para mostrar um pouco do que fizeram fora do centro de treinamento do Tottenham. Allison esteve com a filha Helena, de pouco mais de um ano, Willian recebeu Neymar e Philippe Coutinho em seu restaurante em Londres. Paulinho postou uma foto de sua mão e da mão da esposa juntas, no que parecia ser um restaurante.
– Folga é folga. Tem que descansar e cada um faz o que acha melhor para si. Todo o trabalho necessita de folga e descanso. Viemos de uma semana de treinamentos fortes. Na folga, é para aproveitar da maneira possível para voltar forte – destacou o volante.
Quando questionado a respeito se há alguma recomendação em relação à sexo, Paulinho encerrou a entrevista:
– Não preciso nem responder, né?
Em 1970, Dadá tabelou com Pelé no México
Sexo é assunto na seleção brasileira desde os tempos mais primórdios. Romário conta que escapou da concentração na Copa América de 1997 para encontrar uma mulher. A questão está diretamente ligada à discussão quanto ao valor da concentração no futebol. Um dos cortes mais marcantes da seleção brasileira ocorreu em 1986, quando Renato Gaúcho foi sacado do grupo depois de retornar atrasado para a concentração, na preparação para o Mundial. Entre um dos motivos que alegou para o atraso, os 30 dias de cláusura impostos na seleção.
Dadá Maravilha conta que essa negociação entre jogadores e comissão técnica ocorreu em 1970, na campanha que culminou com o tricampeonato mundial. Para ele, a escapada que os jogadores deram foi fundamental para que o Brasil fizesse história no México.
– O sabonete caía e ninguém agachava. Estava todo mundo tarado. Fomos no Zagallo e pedimos: “Dá um dia aí para irmos atrás de mulher”. Ele aceitou. Eu vi o Pelé saindo e colei nele. Apareceram duas meninas. Ele ficou com uma e eu fui com a outra. No dia seguinte, Zagallo chegou e mandou: “Agora é só futebol. Vamos ganhar. Vocês estavam tarados, agora não me falem mais em mulher”. Com a turma levinha, foi aquela sensação o time do Brasil – lembrou, ao risos.