Você deve ter visto ou ouvido falar de um vídeo gravado por torcedores brasileiros ao lado de
mulher russa durante a Copa do Mundo 2018 , que tem dado o que falar nas redes sociais. Nele, o
grupo de homens vestidos com a camisa da seleção brasileira entoam uma frase relacionada ao
órgão sexual feminino e incitam a moça (que obviamente não entende nada do que dizem) a “cantar
junto”, mesmo que ela não soubesse o signiÖcado das palavras. Pouco tempo depois de ‘cair’ nas
redes, as imagens claras despertaram a re×exão necessária sobre assédio na Copa.
Apesar de o ato ter sido majoritariamente condenado no Brasil, inclusive por autoridades e
artistas, alguns torcedores não se intimidaram e continuaram praticando assédio na Copa do
Mundo. Dessa vez, uma jornalista russa que produzia matéria ao iG Esporte foi alvo de um grupo
de 14 torcedores, a maioria vestindo a camisa ‘canarinho’.
Segundo relatou à reportagem do iG , ela tentava gravar entrevistas com brasileiros quando foi
surpreendida pelo grupo. Assista ao vídeo do momento em que o fato aconteceu.
“Na hora eu não percebi, estava bem ansiosa porque tentava fazer a entrevista em português e eles
estavam cantando para mim. Não prestei atenção nas palavras, só percebi depois que vi o vídeo de
novo. O sentimento não foi nada bom, foi triste. Eles pareciam ser divertidos, mas na verdade não
foi nada legal. Você não espera algo assim, você espera coisa boa, e então acontece isso”, relatou a
jornalista, que entende português, mas não é totalmente ×uente na língua.
Além da “música”, um dos homens ainda chama a russa de “gracinha”, antes de se juntar aos outros
brasileiros “para cantar”. Nesse momento, todos sorriem e pulam em frente à câmera, fazendo
referência ao órgão genital feminino.
Ainda chateada, a jornalista diz que, em geral, os brasileiros são simpáticos.”Comigo, num modo
geral, eles estão se comportando bem, são simpáticos. Entrevistei vários outros que foram
educados e legais”, destaca.
Outros casos de assédio a jornalistas
Infelizmente, não é inédito e nem recente o comportamento machista contra torcedoras e
mulheres proÖssionais no mundo do esporte. Também durante a Copa, a jornalista colombiana
Julieth González Therán, correspondente da Deutsche Welle em Moscou, foi agarrada e beijada na
bochecha por um homem enquanto fazia uma transmissão da praça Manege.
O clima foi de total constrangimento e sua companheira de equipe, Ana Plasencia, do estúdio,
manifestou-se, dizendo que percebia que “os torcedores tomam a liberdade de distribuir beijos
sem pedir permissão ”. Em sua conta do Instagram, a jornalista assediada pediu respeito.
Como se não bastasse, um quarto caso de assédio na Copa envolveu outra repórter do lado de fora
do estádio de Nizhny Novgorod, no jogo Aragentina e Islândia. Ela estava trabalhando quando dois
torcedores argentinos tentaram “roubar” um beijo da jornalista, que conseguiu se proteger com o
microfone, seu instrumento de trabalho. Com esse, são quatro mulheres (do que sabemos, claro)
em apenas sete dias de evento, esse é um “placar” que não podemos esquecer e com o qual todos
perdemos.