Estudante do RJ com sarampo diz que teve diagnóstico errado em hospital

Após caso de sarampo, UFRJ fez campanha de vacinação (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante Ingrid, de 21 anos, diagnosticada com sarampo, disse que a demora dos médicos a identificar a doença fez com que ela continuasse tendo contato com outras pessoas.

“No dia 13 [de junho], fui ao médico e disse que eu estava com uma infecção leve. Por causa da dor, ele me medicou e no dia seguinte eu tive prova na faculdade. Ele não alertou sobre contágio, então eu fui porque também não tinha atestado. Cheguei a ir para o estágio nos dias 13 e 14, no dia 15, eu não consegui”, disse a estudante.

Ao G1, a Ingrid contou que foi ao Hospital Copa D’Or três vezes em quatro dias, mas os médicos da unidade não diagnosticaram a doença. “Disseram que era zika ou chikungunya”, disse ela.

“Eu estava bem manchada, com febre acima de 39 graus. Cheguei a ter conjuntivite, muita tosse, dor no corpo, principalmente pernas, muita dor no olho e as manchas cocavam bastante. Eles davam dipirona, a febre cedia e me mandavam pra casa. Em duas horas, voltava o ‘febrão’”, explicou a estudante.

Descoberta da doença em São Paulo

A família da jovem é de São Paulo e, por não saber que estava com uma doença contagiosa, viajou para ter ajuda da mãe. Lá, precisou ir novamente a um hospital onde descobriram que ela, na realidade, estava com sarampo.

“Eu fiquei com muito medo do que poderia acontecer, antes de saber o que eu tinha com esse diagnóstico de zika e a minha piora. Por isso que fui para São Paulo, porque eu estava piorando. No momento que cheguei lá, o médico a me colocou isolada no leito”, disse Ingrid.

Em nota, o hospital Copa D’Or disse que “a paciente recebeu atendimento na sua unidade de pronto socorro com sintomas inespecíficos”.

A estudante também afirmou ter sido vacinada contra o sarampo quando era criança e disse ter encaminhado a carteira de vacinação para o órgão de saúde que está apurando o caso.

“Eu tomei a [vacina] do sarampo e da tríplice viral. A infectologista que me atendeu no hospital em São Paulo disse que ia avaliar para ver se eu precisava tomar outro reforço”, contou.

UFRJ faz campanha; amigos com suspeita da doença

Ingrid está no quinto período de direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ela, outros três colegas da faculdade — pelo menos — estão com suspeita da doença. Por causa dos casos suspeitos, a UFRJ fez uma campanha de vacinação em massa para vacinar os estudantes.

Apesar do susto, a estudante já recebeu alta e voltou à rotina. “Acho que está sendo importante a repercussão, porque assim como eu fui diagnosticada com zika, outras pessoas podem também podem ter sido diagnosticadas. As pessoas me perguntam ‘Você pegou onde?’, Eu falo ‘eu não sei'”, disse Ingrid.

“Diante da suspeita, a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro estão realizando ações de prevenção e bloqueio da doença, inclusive com vacinação no Campus da Faculdade de Direito da UFRJ”, informou a Secretaria de Saúde.

Secretaria de Saúde do RJ investiga casos da doença

Sarampo (Foto: Editoria de Arte / G1)

Quatro casos de sarampo estão sob investigação da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Um deles teve resultado preliminar positivo, mas ainda falta confirmação do diagnóstico pelo laboratório de referência nacional da Fiocruz, segundo a secretaria. O local de provável infecção está em análise.

Caso haja confirmação, o estado do Rio de Janeiro terá o primeiro caso de sarampo, pelo menos, desde 2000. Em 2017, a vacinação contra o sarampo em crianças de até um ano de idade teve alcance de 94,8%.

O Ministério da Saúde informou que acompanha o caso suspeito de sarampo e que a amostra está sendo analisada também pelo Laboratório Central de Saúde Pública de São Paulo (Lacen/SP).

Surto da doença no país

No total, Amazonas e Roraima têm 463 casos confirmados da doença.

No Mato Grosso, um homem de 31 anos e uma mulher de 30 foram diagnosticados com sarampo, em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá. Foram os dois primeiros casos registrados após 19 anos sem notificações da doença no estado.

Segundo o Ministério da Saúde, antes desses surtos nos estados de Amazonas, Roraima e Mato Grosso, o último caso da doença foi em 2016, quando houve um surto da doença no Ceará.

Nota oficial do Copa D’Or

“O Hospital Copa D’Or esclarece que a paciente recebeu atendimento na sua unidade de pronto socorro com sintomas inespecíficos. O hospital informa que o Sarampo é infrequente e atípico na cidade do Rio de Janeiro, não havendo tratamento específico para a doença, devendo o paciente receber tratamento sintomático comum a quadros virais diversos. Informamos ainda que o hospital encontra-se à disposição das autoridades de saúde competentes para qualquer esclarecimento adicional que considerarem necessário”, diz a nota.

Fonte: G1

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