Há dois assuntos na vida de Nanda Costa, 31, sobre os quais ela se sensibiliza ao falar: perdas e amor. O primeiro é diretamente ligado a sua infância e adolescência – Nanda cresceu sem conhecer o pai e viu sua madrinha, com quem morava, morrer prematuramente em um acidente trágico. O segundo envolve sua vida afetiva, motivo de especulação há quase uma década. Nanda, estrela de 12 filmes, oito séries e oito novelas, fala pela primeira vez, sem nenhum tipo de filtro, sobre os dois temas.
Nascida em Paraty, numa família de classe média, Nanda foi criada pela mãe e avós – o pai os deixou quando ela tinha 1 ano. Perseguiu o sonho de ser atriz desde pequena, e mudou-se para São Paulo aos 14, com a madrinha, para estudar teatro. Mas teve de lidar com mais uma perda: a tia faleceu em um acidente de carro, e ela optou por continuar sozinha na cidade. Tudo em nome da carreira.
Fácil não foi, mas deu certo: aos 19 anos, Wolf Maya a escalou para Cobras & Lagartos. Ao contrário da ascensão profissional, no entanto, a descoberta da sexualidade aconteceu aos poucos. Nanda teve namorados, depois namoradas, e desde 2014 vive uma apaixonada relação com Lan Lanh, sua crush muito antes disso. Leve e divertida, Lan conta histórias saborosas sobre a parceria musical com a namorada (as duas assinam Aponte, gravada por Maria Bethania, em 2017, para a trilha da série Entre Irmãs, que Nanda protagonizou; e em junho lançaram Não É Comum, mas É Normal, sobre representatividade LGBTQIA+). A seguir, Nanda conta os detalhes inéditos dessa linda história de amor. A entrevista completa está na edição de agosto que chega às bancas dia 1º.
PAIXÃO PLATÔNICA
“Vi a Lan pela primeira vez enquanto almoçava com uns amigos aqui na Gávea. Só tinha ficado com uma menina e não tinha contado pra ninguém. Era delicado. Ela estava com um fone, ouvindo música. Quando passou por mim, falei: ‘Caraca!’. E um dos amigos perguntou: ‘Que foi?’. E eu: ‘Acho que gosto de meninas também. E se fosse pra escolher alguém pra namorar, escolho essa aí, ó’. Na época, ela estava casada, nada aconteceu. Anos se passaram e um dia, fazendo uma novela com o [autor] João Emanuel, ele perguntou: ‘Conhece a Lan Lanh? Vocês têm a ver!’. Tinha vivido uma desilusão amorosa e fui jantar com uma amiga que falou: ‘Não fica mal. Tem tanta mulher legal, por exemplo, a Lan Lanh acabou de separar’.”
MESMO ENDEREÇO
“Estava procurando apê, e vim a um prédio na Gávea, quando vi a Lan na janela. Pensei: ‘Caralho, ela mora aqui, vou mudar pra cá’ [gargalhadas]. Nos cumprimentamos e ela me chamou pra um café. Vim na casa dela, as duas nervosas. Sentei na mesa e ela disse: ‘Passei um café. Você vai mudar pra cá?’. Eu, gaguejando, disse que não sabia. Com frio na barriga! E aí ela foi me mostrar o lixo, contar que o prédio reciclava. Já rimos muito disso, ela diz: ‘Que loucura, no nosso primeiro encontro não sabia o que falar, fui te mostrar o lixo!’. Fui pra Paraty, fiquei morrendo de saudades e trocamos mensagens. Começou a rolar por telefone.”
NAMORO ASSUMIDO
“Estamos juntas há quatro anos e meio. Por que contar só agora? Amo minha profissão, mas ser atriz não é fácil, o ônus é do tamanho do bônus. Mas uma hora, as pessoas sabem, aí tem a fofoca, os paparazzi. E agora é um momento especial. Nunca falamos tanto em representatividade. Tô com essa personagem que se assumiu lésbica, comecei a receber mensagens de mulheres contando como isso as ajudou a revelar para a família, os amigos. Então, decidi postar aquela foto com a legenda: ‘mais um 12/6 com ela’. Querendo dizer: não é de hoje.”