Há várias rodadas entre os primeiros colocados da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol e com possibilidade de chegar à elite do esporte, fora de campo o Centro Sportivo Alagoano (CSA) está em busca de mais um objetivo: zerar suas dívidas trabalhistas. Desde 2015, quando ainda sonhava com o acesso à série D do Brasileirão, o clube firmou um acordo com a Justiça do Trabalho no qual condicionou a melhoria do desempenho em campo, ao aumento do valor das parcelas depositadas para quitação de débitos.
As ações do CSA foram centralizadas na Coordenadoria de Apoio às Execuções do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (CAE) e a evolução do quantitativo de pagamento depositado pelo clube, ocorrida no período de 2015 a 2018, resultou na quitação de pelo menos 50 processos.
Em março de 2015, o CSA passou a depositar a quantia mensal de R$ 8 mil. Em julho do mesmo ano, aumentou para R$ 10 mil e, na ocasião, o então presidente do clube marujo, Roberto Mendes, comprometeu-se a negociar o valor, caso a equipe conquistasse o acesso à edição da série D do ano de 2016, o que acabou ocorrendo.
Em fevereiro, março e abril de 2016, as quantias foram de R$ 12 mil, R$ 17 mil e R$ 20 mil, respectivamente. No período de janeiro a maio de 2017, com o clube já disputando a Série C do Brasileiro, o montante repassado mensalmente foi de R$ 22 mil, e o clube assumiu o compromisso de realizar novas negociações após o término do campeonato daquele ano. De junho a setembro de 2017, o CSA aumentou para R$ 25 mil e, de outubro a dezembro, após conquistar o título de campeão da Série C, atingiu o importe de R$ 30 mil.
Em abril deste ano, o clube conquistou o título alagoano. De janeiro a maio de 2018, o CSA repassou a quantia de R$ 50 mil e, no último mês de junho, já disputando a Série B, reajustou para R$ 70 mil, bem como houve compromisso do atual presidente Rafael Tenório em fazer novas negociações a partir do mês de outubro para tentar zerar as dívidas trabalhistas.
Segundo o juiz do Trabalho Nilton Beltrão de Albuquerque Junior, coordenador de Apoio às Execuções, dos processos centralizados na CAE restam somente 16 pendentes de quitação. “Ainda temos um longo caminho a trilhar, já que o valor da dívida consolidada é superior a R$ 2,6 milhões. Mas esse tipo de acordo é favorável para ambas as partes, na medida em que o clube não teve suas rendas e gestão financeira comprometidos por eventuais bloqueios e aos poucos os trabalhadores estão recebendo os seus créditos”, afirmou.
O presidente do TRT/AL, desembargador Pedro Inácio da Silva, lembra que essa experiência exitosa também ocorreu há alguns anos com o CRB, maior adversário do CSA no Estado. “A nossa torcida é sempre pela quitação dos débitos trabalhistas, que depende da saúde financeira do devedor. Nesse caso, torcemos para que o CSA chegue à Série A e com o aporte ainda maior de recursos, consiga liquidar todas as dívidas trabalhistas”, afirmou.