Autoridades da capital colombiana, Bogotá, puniram de modo inusitado um grupo de 50 cidadãos que havia tentado usar o ônibus sem pagar passagem: eles foram obrigados a limpar um dos terminais de transporte.
A empresa Transmilenio, responsável pelo sistema de ônibus, tuitou fotos e vídeos da limpeza com a hashtag #NoMasColadosEnTM – “colados” é a palavra usada para descrever as pessoas que pulam a catraca ou encontram outros modos de deixar de pagar a passagem.
A punição dividiu opiniões: houve quem aplaudisse a medida e houve quem questionasse sua eficácia.
A evasão do pagamento é um considerado um grande problema em Bogotá. Estima-se que 70 mil pessoas – das 2,6 milhões que usam o Transmilenio diariamente – não paguem a tarifa, seja pulando a catraca, “colando-se” a pagantes na catraca ou pulando muros, às vezes até mesmo arriscando suas vidas.
Anualmente, a cidade multa dezenas de milhares de pessoas acusadas de serem “colados”.
Campanhas educativas e a instalação de muros e catracas têm tido pouco sucesso em mitigar o problema, segundo autoridades.
Nas redes sociais, o tuíte mostrando os cidadãos limpando o terminal de ônibus 20 de Julio teve mais de 2 mil curtidas em menos de um dia.
¡Policía de TransMilenio puso a limpiar a los colados!
50 personas que ingresaron de manera fraudulenta a diferentes estaciones y portales realizaron acciones de limpieza y embellecimiento en el Portal 20 de Julio.#NoMásColados ? pic.twitter.com/ZTnnGT16mC
— TransMilenio (@TransMilenio) 18 de setembro de 2018
A chefe da polícia de transportes María Elena Gómez Méndez afirmou que a ideia por trás do mutirão de limpeza era educativa, de ensinar os que não pagam passagem que “esse não é o jeito de usar o sistema de transporte público”.
Os que aplaudiram a medida afirmaram que as pessoas punidas “devem aprender a pagar pelos serviços públicos como faz a grande maioria dos bogotanos trabalhadores”.
Mas críticos disseram que o serviço de ônibus, que sofre de problemas crônicos – como superlotação e altos índices de furto e assédio sexual – não vale o que custa. Também pediram mais investimentos em melhorias, em vez de punir os evasores.
A passagem simples custa por volta do equivalente a R$ 3, e a multa por não pagar é de cerca de R$ 170.