MPF promove reunião para tratar de disputa de terras indígenas em Joaquim Gomes

Comunidade Wassu Cocal e associação de agricultores discutem ocupação de terras da antiga Usina Agrisa

Cumprindo missão constitucional de proteção dos direitos indígenas, o Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) promoveu reunião com indígenas da tribo Wassu Cocal, na última segunda-feira (29), para discutir com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e posseiros da Associação de Agricultores da Fazenda Urucuzinho conflito envolvendo terras indígenas no Município de Joaquim Gomes (AL).

A procuradora da República Roberta Barbosa Bomfim coordenou a reunião, acompanhada do perito em antropologia do MPF Ivan Farias. Tramita no MPF inquérito civil nº 1.11.000.000569/2016-10, instaurado para apurar ocupação irregular de terras indígenas pela Associação de Agricultores da Fazenda Urucuzinho.

Após discussão entre os presentes, a procuradora ressaltou que os encaminhamentos da última reunião ainda não foram totalmente cumpridos e apresentou as novas providências que devem ser adotadas pelos envolvidos.

Encaminhamentos – A Associação dos Agricultores da Fazenda Urucuzinho deve entregar – em 30 dias – a relação de pessoas que ocupam terras no local, independentemente de serem associados ou não, informando o tempo de ocupação e perfil de cada um, e documentos previdenciários e relacionados a programas sociais.

Após a resposta da associação, o Incra deve enviar ao MPF – em até 60 dias – a relação de acampados na Fazenda Pimentas, baseado no cadastro feito em 2007 (ou, preferencialmente, em cadastro anterior, se existir) e dos que permaneceram na área. Deve enviar, também, a relação dos moradores da antiga Usina Agrisa, à época da desapropriação das terras, e, caso possível, identificar os empregados da usina que hoje ocupam a Fazenda Pimentas.

No mesmo prazo de 60 dias, o Incra deve promover o trabalho de supervisão ocupacional no Assentamento Fidel Castro/Pimentas, para identificar eventuais lotes vagos ou ocupados irregularmente. O Incra deve ainda realizar o levantamento territorial (georreferenciado) no assentamento, a fim de verificar se a área mencionada pelos indígenas durante a reunião é área de reserva legal ou não, bem como se é espaço disponível à ocupação.

O Incra e a Funai têm o mesmo prazo de 60 dias para identificar o perfil dos ocupantes da terra indígena, integrantes ou não da associação.

A procuradora da República finalizou a reunião ressaltando o dever constitucional do MPF. “É nossa missão assegurar a pluralidade do Estado brasileiro na perspectiva étnica e cultural, exatamente como determina a Constituição do Brasil”, afirmou Roberta Bomfim.

Saiba mais – As terras que hoje são ocupadas pelos indígenas e por associados da Fazenda Urucuzinho foram desapropriadas da antiga Usina Agrisa, e doadas à Funai após atuação da Câmara de Conciliação da Advocacia Geral da União, para que finalizasse o processo de ampliação das terras indígenas Wassu Cocal.

Alguns acampados que estavam ocupando a terra em disputa, foram realocados na mesma fazenda, mas em área destinada à reforma agrária, no entanto, “dissidentes” não concordaram e não saíram da terra, hoje indígena.

Legislação – O direito dos indígenas às terras tradicionalmente ocupadas está previsto no art. 231 da Constituição Federal/1988.

Fonte: MPF/AL

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