Uma advogada e um estivador foram assassinados com golpes de faca e um tiro de espingarda, respectivamente, dentro da própria chácara na zona rural de Peruíbe, no litoral de São Paulo. O suspeito de cometer o crime já havia ameaçado uma das vítimas depois que perdeu, na Justiça, uma ação sobre danos morais proposta pela filha da advogada. As informações foram divulgadas pela polícia na manhã desta segunda-feira (5).
Marleni Fantinel Ataíde Reis, de 68 anos, e o marido Marcio Ataíde Reis, de 46 anos, moram em Praia Grande, também no litoral paulista. O casal foi morto enquanto passava o fim de semana em uma chácara na Estrada Armando Cunha, em Peruíbe. O suspeito, Antonio Ferreira Silva, de 61 anos, teve prisão temporária decretada mas, segundo a polícia, ainda não havia sido localizado até o fechamento desta reportagem.
De acordo com a polícia, as vítimas estavam no imóvel quando o suspeito invadiu o local armado com uma espingarda e uma faca. Ao entrar na residência, o homem atirou nas costas de Reis, que caiu no chão ferido e morreu antes da chegada da polícia. Assustada, a advogada correu para tentar fugir, mas acabou perseguida e atingida por Antonio com golpes de faca.
Apesar dos ferimentos graves pelo corpo, Marleni ficou consciente até a chegada dos policiais militares. Antes de ser levada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Peruíbe, a vítima contou aos agentes que ela e o marido foram atacados por um homem chamado Antonio Ferreira Silva. O suspeito já havia feito ameaças de morte contra o casal anteriormente, depois de perder uma ação na Justiça para filha da vítima.
A advogada foi socorrida para a UPA e, depois, transferida para o Hospital Regional de Itanhaém, onde morreu durante a noite. O corpo do casal foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande. O caso foi registrado na Delegacia Sede de Peruíbe.
Ação na Justiça
Em agosto de 2011, Virgínia Conceição Fantinel Dias, filha da advogada, vendeu um Fusca ano 1983 por R$ 6 mil para Antonio Ferreira. No entanto, pouco tempo depois, o comprador não tinha feito a transferência do nome no documento e as multas levadas pelo condutor neste período eram encaminhadas para Vírginia.
Sem acordo para sanar o problema, a filha da advogada foi à Justiça cobrar a transferência do carro e também uma ação de danos morais contra Antonio. A sentença favorável a Virgínia foi publicada em 14 de junho deste ano. No documento, o juiz Alexandre das Neves decidiu que Antonio terá de pagar R$ 2 mil por danos morais e também ficou sujeito à multa de R$ 100 por dia caso descumpra a decisão.
Após o crime, no fim da tarde de domingo (4), a Justiça expediu mandado de prisão temporária de 30 dias contra Antonio Ferreira. O texto para justificar o pedido relaciona justamente o crime com a ação movida pela filha da vítima. “Ele é o principal suspeito do assassinato de ambas as vítimas, pois seria parte adversa em processo judicial que era patrocinado por uma das vítimas, que era advogada do demandante”, diz o despacho. O caso segue sendo investigado.