Na madrugada deste sábado, após a comemoração do aniversário do menino Arthur Caetano de Carvalho, de 3 anos, um deslizamento derrubou cinco casas vizinhas à da criança no Morro Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. A tragédia, que matou dez pessoas, é a segunda pior enfrentada pela cidade. Em 2010, 48 pessoas morreram no Morro do Bumba, no bairro Viçoso Jardim, após intensas chuvas que caíram na cidade. O menino está em estado gravíssimo e a irmã, Nicole, de 8 meses, está entre os soterrados. A mãe de Arthur uma tia estão entre os 11 resgatados pelos bombeiros.
Os mortos até agora listados pelo Corpo de Bombeiros são: Janete, 55 anos; Maria Madalena, 56 anos; Maria do Carmo, 80 anos; Claudiomar, 37 anos; um menino de 3 anos; uma menina de 9 anos; e uma mulher adulta. Há três pessoas que ainda não foram identificadas.
Uma pedra rolou morro abaixo do alto da comunidade e atingiu ao menos cinco casas. Uma bebê de 8 meses, Nicole Caetano, ainda não foi encontrada. Onze pessoas foram resgatadas com vida. Na noite de sexta-feira, os familiares comemoraram o aniversário do menino Arthur Caetano de Carvalho, de 3 anos. Ele estava dormindo, no momento que sua casa desabou. O caso dele é o mais grave, que sofreu um trauma no tórax. Arthur está internado no Hospital estadual Azevedo Lima, mas devido ao agravamento de seu quadro, ele poderá ser transferido para outra unidade.
O Hospital estadual Azevedo Lima, no bairro do Fonseca, em Niterói, recebeu ainda outras cinco vítimas do deslizamento: uma criança em estado estável e quatro adultos. Dois deles já receberam alta e dois permanecem estáveis. Já o Hospital estadual Alberto Torres, localizado em Colubandê, em São Gonçalo, rebeceu um adulto, que apresenta estado estável.
Bombeiros de sete quarteis estão no local da ocorrência. Aproximadamente 80 militares da corporação atuam na operação, que conta com o apoio de 200 profissionais da Defesa Civil de Niterói, secretaria de Obras, Conservação, Assistência Social, saúde e Companhia de Limpeza.
Em entrevista ao RJ TV, o secretário estadual de Defesa Civil, Roberto Robadey, culpa a chuva pela tragédia e informa que não havia sirenes de alerta. Robadey afirma que aquela é uma área de risco, mas que não justificava a remoção das pessoas. A previsão para o término das buscas é de 48 horas e, segundo o secretário, é possível que existam outras vítimas fatais.
O Município montou uma base de apoio na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, que está recebendo os desabrigados. A equipe pede para que os voluntários não levem mais doações, pois não há mais lugar para armazenar os donativos.
O governador eleito Wilson Witzel visitou o local nesta tarde e prometeu construir unidades populares para pessoas que moram em áreas de risco:
– Eu só queria manifestar minha solidariedade às vítimas e familiares. Vi que todos os recursos estão mobilizados e há muitos voluntários ajudando por aqui. Agora, na transição de governo, eu vou pegar o mapeamento que existe das áreas de risco, para já em janeiro começar a construção de unidades nas quais serão colocadas essas pessoas em situação de risco. E cobrar que a Prefeitura não deixe as pessoas voltarem para essas áreas. Aquilo que vi ali é bem semelhante a uma área de risco.
Busca por desaparecidos
Nicole Caetano, que ainda não foi encontrada, é neta de Rosemary Caetano, que ficou levemente ferida, foi resgatada e acompanha as ações de Bombeiros no local.
A mãe de Nicole, Renata Caetano, e seu outro filho, Arthur, de 3 anos, foram resgatados e estão hospitalizados. Chorando muito, a tia de Renata, Viviane Caetano contou que Arthur está em cirurgia:
– A casa deles foi derrubada. A Nicole está soterrada. Meu sobrinho de 3 anos está no hospital. E a mãe eu sei que quebrou a clavícula.
O presidente da associação de moradores, Claudio dos Santos, houve um deslizamento no Morro da Esperança em 2016, que atingiu sete casas e uma pizzaria. Em um primeiro momento, as vítimas teriam recebido aluguel social da Prefeitura, mas sem outras medidas, voltaram aos terrenos, que estavam interditados. Recentemente, a Prefeitura teria feito uma fiscalização na área. Mas não existia sistema de sirene no local.
– As pessoas voltaram pois não tinham onde ficar. Vão dormir embaixo da ponte?
Também ao RJ TV, o prefeito de Niterói Rodrigo Neves disse que a região não foi definida como prioritária no mapeamento de risco do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro e que, deste modo, não havia casas interdidatas.
“Não foi deslizamento de encosta, mas rachadura de um maciço de Área de Preservação Ambiental (APA), portanto não havia necessidade de contenção de encosta”, afirmou Neves.