O desejo de ter o corpo sonhado virou pesadelo para a estudante do curso técnico de Enfermagem Ewelyn Dayane de Sá Silva, de 24 anos. Ela foi levada ao Hospital Geral do Estado (HGE) após aplicar no próprio corpo, com a ajuda de uma amiga, doses de silicone destinado à indústria automotiva. O resultado foi o surgimento de graves feridas, que resultariam num final trágico se não fosse a atuação qualificada de toda a equipe multidisciplinar do maior hospital público do Estado.
A primeira chegada ao HGE aconteceu no último dia 10 de setembro, quando a estudante começou a sentir dores na região glútea e febre. Sem contar o que havia feito, a jovem recebeu a prescrição de medicações e teve alta médica. Três dias depois, voltou ao hospital com o problema agravado, a ponto de os tecidos sofrerem necrose devido à falta de vascularização na região.
“Eu mesma comprei a seringa, comprei a agulha e a gente aplicou em casa mesmo. O que eu queria era ficar bonita, ficar com uma ‘bundona’, só isso. Queria melhorar minha autoestima”, relatou Ewelyn. Ela continua internada no HGE, porém já deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e segue com cuidados delicados na Área Verde, devido à complexidade das feridas.
O cirurgião plástico do HGE, Fernando Gomes, explica que o silicone foi posicionado em uma área específica que causou necrose de todo o segmento cutâneo, necessitando intervenção cirúrgica. “A pele da paciente perdeu vascularização e teve que ser retirada de uma só vez para evitar que o silicone migrasse para outros pontos e, consequentemente, estendesse os danos”, explicou.
Aliviada, a mãe de Ewelyn, Maria Aparecida de Sá Sandes, está no HGE após cruzar todo o estado para ficar com a filha, uma vez que a família é da zona rural de Pariconha, município do Alto Sertão alagoano. Ela afirma que está muito satisfeita com o atendimento prestado pelo hospital, pois se não encontrasse a assistência qualificada do HGE poderia ter perdido a filha.
“É um milagre. Hoje estou feliz, bem feliz. Eu renasci junto com ela. Quando lembro como ela ficou, tudo o que sofreu… A pior parte foi a fase da UTI, com uma recuperação muito dolorosa. Agora está mais tranquilo, graças a Deus e à atuação de todos os profissionais que atenderam ela tão bem aqui no HGE”, disse a mãe.
Ewelyn reforça a afirmação da mãe, ao dizer que tem tido tudo o que precisa para a sua recuperação. “Quando estava na UTI, eu achava que não ia suportar, que não ia viver mais. E eles [a equipe multidisciplinar] foram muito bons comigo, me deram tudo o que precisei. Essa está sendo uma situação que não imaginava viver. Nunca na minha vida imaginei passar por isso. E serve como uma lição de vida não só para mim, mas para todos”, pontuou. “Isso não vale a pena. Temos que nos aceitar do jeito que somos”, aconselhou.
Orientação médica – O cirurgião do HGE enfatiza que intervenções estéticas só devem ser realizadas por um profissional qualificado para o procedimento, em local apropriado, e que o paciente precisa compreender que a cirurgia plástica não é mágica. “A intervenção serve para suavizar uma característica, não existe a possibilidade de conseguir transformar as pessoas no que elas desejam. É fundamental que elas sintam que precisam carregar consigo sua história”, concluiu Fernando Gomes.