O projeto Relix, que discute sustentabilidade através da educação, arte e tecnologia, chega ao momento de sua grande homenagem às catadoras de lixo: a exposição RELIXX A Força Cromossômica Feminina Por Uma Vida Sustentável. Com retratos de catadoras de dois estados (Alagoas, Pernambuco), a exposição entra nas casas e no mundo dessas mulheres que tanto contribuem com a reciclagem.
A exposição, que abre ao público no dia 23/11 (sexta), fica um mês em cartaz no Espaço Pierre Chalita (Pça Manuel Duarte). Se XX é o par de cromossomos característico da maioria das mulheres, a exposição faz homenagem ao gênero e não poderia terminar com um X apenas. “Se o concretista escreveu LIXO com a repetição do LUXO, essas mulheres escreveram LUXO com a repetição do que encontraram no LIXO. Quando o Relix surgiu, uma das inquietações era retirar da invisibilidade social mulheres fortes e tão importante para a cadeia sustentável do nosso estado: catadoras cheias de histórias e sonhos, mas que vivem uma realidade tão bruta para sustentarem suas famílias.” observa Lina Rosa Vieira, idealizadora do Relix, da exposição e que também assina os textos da montagem. As fotografias são dos renomados Beto Figueiroa e Helder Ferrer, ambos pernambucanos.
São personagens que compõem a exposição, junto com suas histórias de luta, sempre amparadas pela coleta seletiva. Mulheres como Ada, 27 anos, que chegou ao lixão bebê, junto com a mãe Silvania. Moram na mesma casa e criam a família juntas do sustento do lixão. O pai está preso e a energia da casa é forte e feminina. É vaidosa e tem orgulho do que acha e recicla. “Adoro minhas pratas, não vendo nadinha. Às vezes a gente achava tudo organizadinho, dentro de uma bolsinha, parece que a pessoa já botava no lixo pra alguém achar mesmo.” Também como Ijanete, que depois que o Relix passou por Maceió, ficou cada vez mais empoderada e, de catadora independente, virou associada de uma cooperativa e melhorou seu ofício. “Eu catava latinhas na rua, com as crianças, pra sobreviver. Hoje, é meu sustento e tenho muito orgulho do meu trabalho.”
Além da exposição, o projeto segue com sua temporada de espetáculos nas escolas e indústrias de Alagoas. Em cena, teatro de formas animadas, seis atores e muita música para contar de forma lúdica e educativa uma história sobre pessoas comuns que se tornam heróis da sustentabilidade, despertando o interesse das crianças e jovens pelo tema.
RELIX – A iniciativa multidisciplinar e orgânica, integrada com arte, música, teatro, fotografia, mobilidade, educação ambiental, redes sociais, tecnologia e direitos humanos, circula até fevereiro por todo o Estado para alertar sobre a problemática do lixo. O Relix se posiciona como um ponto de partida para repensarmos a maneira que lidamos com lixo, não só no âmbito coletivo, mas no comportamento do indivíduo. Cada pessoa, comunidade ou indústria pode e deve ser sensibilizada para se integrar como agente de reestruturação.
Numa referência ao lixo em latim (lix, significado de cinzas), Relix é Recusar, Repensar, Reciclar, Reduzir e Reutilizar o lixo. Ressignificar transformando o conceito de lixo por meio da arte, relíquias. Para provocar mudanças de comportamento que conduzam a resultados mais eficientes e confirmem o estabelecimento da nova e necessária tendência ao lixo zero (ainda distante, mas é preciso começar). A cada performance cultural, com público formado por estudantes ou trabalhadores da indústria, se constrói uma nova consciência ambiental, na nossa casa, mas também na rua, trabalho, cidade.
SERVIÇO:
Estreia Exposição RELIXX – A Força Cromossômica Por Uma Vida Sustentável
Espaço Pierre Chalita
Pça Manuel Duarte, 77 Pajuçara
De 23/11 a 23/12
Horário de visitação: Terça a domingo, das 09h às 17h.
Entrada franca
PERÍODO DO RELIX: Até dezembro de 2018
Idealização do projeto: Lina Rosa e Sérgio Xavier
Patrocínio do Sesi Alagoas