A defluência no Rio São Francisco será elevada para 700 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir desta terça-feira, dia 18, na região do Baixo. A medida foi anunciada na manhã desta segunda-feira (17 de dezembro), durante a reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para analisar as condições hidrológicas na bacia do São Francisco e transmitida por videoconferência para os estados banhados pelo chamado rio da integração nacional.
A operação será possível com a utilização da água armazenada no reservatório de Itaparica, em Pernambuco. A previsão é que essa vazão permaneça em janeiro, desta vez com água proveniente do reservatório de Sobradinho, na Bahia. “A ANA tomou uma atitude prudente em não ter aumentado a vazão na reunião passada, como solicitado. A medida concilia os interesses do Baixo São Francisco, especialmente os do estado de Sergipe, e na próxima reunião desse fórum, iremos analisar as condições do rio para decidir pela implementação ou não da vazão de 800 m³/s”, afirmou o superintendente de Operações e Eventos Críticos da agência federal, Joaquim Gondim.
TRÊS MARIAS
Durante a reunião, também foi discutida a defluência no reservatório de Três Marias, em Minas Gerais. Atualmente com a prática de 100m³/s, a vazão deverá ser elevada para 150m³/s a partir de janeiro. As considerações foram feitas após as explanações apresentadas pelas equipes técnicas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
De acordo com os dados apresentados durante a reunião, o cenário da bacia do Rio São Francisco continua confortável, quando se leva em consideração a realidade dos últimos cinco anos. Entretanto, não há plena confiança quanto ao futuro, pelo fato de os registros de precipitação já terem cessado nos últimos dias e se estende para os dez dias seguintes. A previsão do Cemaden aponta para registros de valores insignificantes para a bacia até o final do ano de 2018.
Desde 2013, o Rio São Francisco enfrenta uma severa crise hídrica, o que levou ao controle da vazão natural, de um patamar de 1.300 m³/s para um nível que chegou a 550 m³/s no Baixo e ao controle das vazões, também, no Alto São Francisco. A redução, realizada de forma paulatina desde quando foi identificada a escassez do líquido, foi considerada pelo setor elétrico como saída para que o manancial não chegasse a níveis alarmantes, pondo em risco até mesmo a sua existência.
EL NIÑO
Questionado sobre o registro do fenômeno El Niño na bacia do São Francisco, o coordenador geral de Operações e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, explicou que o evento está praticamente na porta, mas ainda não se cumpriram algumas características para ser considerado pela comunidade científica mundial.
Apesar disso, a estimativa do Cemaden, de acordo com Seluchi, é de que não deverá haver grande interferência do fenômeno na cabeceira do rio São Francisco, em Minas Gerais. “Talvez outro tipo de fenômeno. O que se registra, atualmente, é uma onda de pressão e o El Niño deverá apenas apresentar efeito de fraco a moderado”,
afirmou ele.
A reunião que analisa as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco acontece quinzenalmente na sede da Agência Nacional de Águas, em Brasília, e transmitida por videoconferência para os estados da bacia. Dela, participam os diversos segmentos relacionados ao Velho Chico, a exemplo de usuários, poder público, universidades, Marinha do Brasil, Ministério Público Federal, entre outros. O próximo encontro está marcado para o dia 7 de janeiro, a partir das 10h, horário de Brasília.