Um médico foi preso nesta sexta-feira (29) após ser acusado de violentar três pacientes no Posto de Saúde de Marcineiro, Povoado de Passo do Camaragibe, cidade da região norte do Estado. A prisão ocorreu após o promotor Ary de Medeiros Lages Filho oferecer denúncia contra o profissional.
Segundo a denúncia, a paciente era orientada a se despir dentro da unidade de saúde – mesmo não tendo procurado socorro para reclamar de quaisquer problemas ginecológicos – e, após vestir uma luva em suas mãos, o médico molestava as pacientes sob o pretexto de investigar se elas estavam ou não com alguma doença nos órgãos genitais.
A denúncia de crime de violação sexual mediante fraude foi proposta no último dia 19, após conclusão do procedimento investigatório criminal (PIC) nº 06.2019.00000129-5. Na denúncia, o representante do Ministério Público explica que, pelo menos três vítimas relataram o mesmo tipo de crime praticado pelo médico, que também é professor da Universidade Federal de Alagoas.
O caso mais recente ocorreu em 1º de fevereiro deste ano, quando uma paciente buscou atendimento na unidade básica de saúde: “Ela estava com uma dor na virilha e foi atendida pelo denunciado. Relatou o fato ao médico e, o mesmo, em vez de tomar as providências pertinentes ao caso, ludibriou-a, levantando a sua blusa, apalpando seus seios e tirando sua calcinha. Em seguida, ele colocou uma luva com gel e tocou o órgão genital da vítima, que questionou sobre a necessidade daquela conduta. O médico respondeu que estava tentando fazê-la expelir algum líquido que, por ventura, a paciente tivesse retido”, diz um trecho da ação. Tal procedimento teria durado cerca de 40 minutos.
As outras vítimas
Em 2018, outra mulher procurou o mesmo posto de saúde, a fim de que o médico analisasse o resultado de um exame de abdômen total. “Sem praticamente olhar o exame que a vítima tinha levado, ele determinou que a paciente deitasse na maca, e começou a tirar a sua roupa, primeiro sendo a parte de cima, onde alisou os seios dela e, depois, a parte de baixo, deixando-a totalmente despida. Determinou ainda que a vítima levantasse as pernas, colocou uma luva com gel e iniciou o ‘procedimento’, tendo passado, aproximadamente, uns 20 minutos manuseando a vagina da paciente, sob o pretexto de expelir um líquido”, contou Ary Lages.
O último caso relatado na denúncia ocorreu em 2014, nos mesmos moldes. A diferença é que, apesar de estar com um sangramento no nariz, o médico fez a vítima também tirar a roupa. “Ele sequer examinou o nariz da paciente, num comportamento claro de abusador sexual. E o agravante é que ela estava com sete meses de gestação à época do fato”, acusou o promotor.
Reincidência
E essa não é a primeira denúncia ajuizada contra o suspeito. Ele já responde ao processo nº 0700291-22.2015.8.020027 pela mesma conduta criminosa, tendo o ilícito ocorrido em 2 de julho de 2015. “Isso demonstra que o denunciado vem praticando esse crime há anos, tendo a necessidade de uma resposta estatal a essa repugnante conduta praticada por um profissional que deveria cuidar do ser humano, e não fazê-lo de vítima contumaz para a satisfação da sua lascívia”, completou o representante do Ministério Público.
Após o pedido do Ministério Público, o Juízo de Passo de Camaragibe decretou a preventiva do réu, que foi detido, na manhã desta sexta-feira (29), a caminho do trabalho. Ele foi encaminhado à delegacia regional de Matriz de Camaragibe.
Defesa
A reportagem do Alagoas 24 horas tenta contato com o Sinmed e com a defesa do médico, mas ainda não obteve êxito.