A menina tinha apenas um ano de vida. Mas nem a sua pouca idade foi motivo suficiente para evitar que a própria mãe a agredisse constantemente, sem que a criança pudesse esboçar qualquer tipo de defesa. E, no dia 9 de março último, a violência foi tanta que a pequena Laryssa Sophia da Silva não sobreviveu. Ela morreu a caminho do Hospital Geral do Estado (HGE) e, lá, os médicos constataram que o corpo da vítima estava cheio de hematomas. Em razão desse crime, o Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) denunciou Vanessa Maria da Silva por homicídio triplamente qualificado.
A denúncia foi ajuizada pelo promotor de justiça Leonardo Novaes Bastos, da 49ª Promotoria de Justiça (Tribunal do Júri), nessa segunda-feira (8). Segundo ele, a equipe plantonista do HGE confirmou que Laryssa Sophia da Silva chegou à unidade de saúde com sinais de agressão física, diferentemente do que alegara a mãe, que contou que sua filha teria sofrido um acidente. “Os médicos contaram que a família argumentou que a criança havia sofrido um choque elétrico em casa e que os hematomas surgiram em decorrência disso. Porém, os profissionais da área de saúde não constataram queimaduras ou quaisquer outros sinais de choque. O que eles viram mesmo foram os hematomas. A Laryssa tinha lesões em várias partes do corpo e também no rosto. Além disso, as investigações também demonstraram que a menina era constantemente agredida por sua genitora”, explicou o promotor.
Na denúncia, o Ministério Público relata detalhes de alguns depoimentos colhidos durante a apuração do crime. Uma das testemunhas, o policial José Lopes Feitosa Júnior, disse que os médicos do HGE, de fato, falaram sobre as marcas de violência, mesmo relato que teria sido feito pela equipe socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) quando chegou à residência de mãe e filha.
E o próprio namorado de Vanessa Maria da Silva, Jeanclaude Alesseir da Silva, admitiu que sua companheira não “tinha paciência com a vítima, pois ela chorava muito”. O rapaz também informou que a denunciada batia na criança e que, “algumas vezes, ele intervia na situação, evitando espancamentos”.
Acusada admitiu bater na filha
Ouvida durante as investigações, a acusada afirmou que “sua filha era chorona, gostava de bagunçar e que, algumas vezes, perdia a cabeça e a agredia com palmadas”.
De acordo com a 49ª Promotoria de Justiça, Vanessa Maria da Silva também confessou que “batia na filha com sandálias nas pernas e que, no dia 20 de fevereiro deste ano, chegou a dar uma
chinelada nas costas da garota, que ficaram roxas em razão da agressão”.
Homicídio triplamente qualificado
“A materialidade e autoria do delito estão devidamente demonstradas no presente caso com os depoimentos acostados aos autos. A torpeza (repugnante social e moralmente) do motivo está
caracterizada tendo em vista que a denunciada espancava sua filha pelo fato dela ser chorona e de gostar de bagunçar. Já a crueldade pôde ser comprovada apenas observando as fotografias do corpo da menina. E, por fim, foi um crime cometido por meio de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, uma vez que um bebê de um ano de idade jamais poderia se defender de um espancamento, tendo sido alvo fácil da fúria de sua mãe, que a agrediu até a morte”, argumentou o Ministério Público.