Sem Terra de todo o estado de Alagoas realizam na manhã de hoje (17) o ato ecumênico na porta do Tribunal de Justiça de Alagoas, na Praça Deodoro em Maceió. O ato relembra a história do Massacre de Eldorado dos Carajás que completa nesta quarta-feira 23 anos. Com início a partir das 8 horas, os camponeses e camponesas mobilizados na capital alagoana em torno da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária cobram justiça aos casos de violência no campo, que ainda seguem na impunidade.
“Em Eldorado dos Carajás foram 21 companheiros assassinados brutalmente pelo Estado Brasileiro e nós não podemos nem devemos deixar essa história cair no esquecimento”, destacou José Neto, da direção nacional do MST. “Nossa responsabilidade é sempre poder dar continuidade a luta daqueles e daquelas que perderam a vida sonhando com a Reforma Agrária e com uma sociedade mais justa”.
O ato deve contar com a presença de lideranças religiosas e representantes dos movimentos populares urbanos, além da participação dos três mil camponeses e camponesas que estão em Maceió desde o último domingo (14).
De acordo com José Neto, em todo o país ações devem denunciar a impunidade do caso do Massacre que ficou conhecido internacionalmente. “Os responsáveis políticos na época, o governador que ordenou a retirada dos Sem Terra da rodovia e o secretário de Segurança Pública, que autorizou o uso da força policial, nunca foram processados, dos 144 policiais levados ao banco dos réus, apenas dois foram condenados”, explicou.
“Para que massacres como esse não mais aconteçam e para que a impunidade não prevaleça, seguimos em luta.”
Reunião com o governo do estado
Na manhã de ontem (16), uma representação das organizações que estão compondo a Jornada de Lutas em Alagoas, levou uma série de reivindicações dos camponeses e camponesas ao governador do estado Renan Filho (MDB). Entre os pontos de pauta com o governo estadual, os Sem Terra levantaram questões já antigas de negociação com o Poder Público Estadual, como a demanda da destinação das terras da antiga Usina Laginha, pertencente a massa falida do Grupo João Lyra, para fins de Reforma Agrária, a demanda da construção de uma política estadual pata a agricultura familiar e Reforma Agrária em Alagoas, além de uma série de ações referentes as infraestruturas sociais e produtivas para o campo alagoano.
A partir da audiência com o governador, uma série de agendas foi construída com os movimentos de luta pela terra para dar celeridade às demandas apresentadas, incluindo uma reunião com o atual Secretário de Agricultura do Estado de Alagoas, Ronaldo Lessa, realizada ainda na tarde de ontem (16).
Para Carlos Lima, da CPT, as reuniões foram finalizadas com bons apontamentos para todas as demandas apresentadas. “Fica uma boa expectativa, sobretudo a partir das ações concretas que já foram apontadas nessas agendas. Teremos uma série de novos debates para avançar em alguns pontos e ir construindo coletivamente os novos passos das nossas pautas no estado”.
No que diz respeito a pauta das terras da Usina Laginha, Carlos Lima destacou que o governador reafirmou seu interesse político em assentar as famílias que hoje vivem acampadas nas terras de 11 mil hectares no município de União dos Palmares.
“Saímos da reunião também sinalizando nossa disposição de voltar em Maceió quantas vezes forem necessárias. Continuar cobrando, monitorando e fazendo luta para conquistar aquilo que acreditamos que contribuirá não somente para o desenvolvimento do campo alagoano, mas para todo o estado”.